A funkeira Mc Rebecca e o rapper Orochi estão recebendo muitas críticas após assumirem relacionamento com pessoas brancas. A cantora assumiu recentemente sua relação com Lucas Godinho e se posicionou diante das críticas.
Já o rapper carioca chegou a ficar entre os assuntos mais comentados das redes sociais. Muitas das críticas eram relacionadas à contradição do namoro atual com a música “Amor de fim de noite”, que fala sobre uma paixão por uma mulher negra.
O rapper que tem três milhões de seguidores no Instagram, rebateu e disse que a música foi escrita na época em que ele namorava uma mulher negra. “Vários falando que meu discurso é “desonesto” ou que eu me aproveito da mulher preta para ganhar dinheiro na música e namoro uma branca. Eu namorava com uma preta quando fiz a música“, afirmou.
Palmitagem: debates nas redes sociais
O termo “palmitar” ou ” palmitagem” surgiu para identificar pessoas negras que se relacionam afetivamente com pessoas brancas. O assunto é amplo e gera muitos questionamentos, principalmente nas redes sociais. Muitos são favoráveis, já outros não. Em entrevista para a revista TRIP, a escritora, arquiteta Joice Berth falou recentemente sobre relacionamentos inter-raciais no Brasil. “As pessoas apostam nos relacionamentos inter-raciais como uma prova de que a democracia racial, a convivência cordial entre as raças, de fato não só existiu, como ainda existe“,afirmou.
Por outro lado, muitas mulheres negras precisam lidar com uma outra questão: a solidão. Muitas delas buscam o afeto de quem as vê como prioridade e não pela cor. Em recente entrevista, a cantora Aline Wirley que é casada com um homem branco, o ator Higor Rickli, falou sobre a solidão da mulher negra. “Como mulher negra, sei como é difícil, nesse caso, ser a base da pirâmide e ter ao seu lado o topo dela. Eu aprendi que posso ser amada”, afirma Aline.
Para a cientista política Nailah Neves, mestre em Direitos Humanos e Cidadania “Existe uma ideia de que é preciso embraquecer a família. Isso continua. Geralmente os homens negros, que são hipersexualizados e que têm uma posição financeira melhor, buscam as mulheres brancas. O padrão de beleza é branco. A mulher que merece ser amada, a mulher que é humana, é a mulher branca“, disse a cientista política em entrevista ao jornal El País.
“Primeiro porque nossos homens negros estão morrendo. Além disso, aquele homem branco que escolheu aquela mulher negra se torna o grande salvador, o príncipe encantado que habita no imaginário da mulher negra que vem de uma estrutura sofrida. Ele está no topo da pirâmide e pode pode dar aquilo que chamamos que é o padrão de relacionamento”, explicou Nailah Neves.
Não concordo com essa generalização. Sou negra e já estava estabelecida profissionalmente e com o coração ainda despedaçado quando conheci o meu marido que é branco. Não levei fé nele quando o conheci não acreditava mais em relacionamentos. Mas ele me provou que queria um relacionamento sério, formar uma família comigo.