As paredes, banheiros, mesas, cadeiras, placas e até os elevadores da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) estão recebendo desenhos e símbolos de apologia ao nazismo desde o começo deste ano. A USP acionou o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para investigar o caso. Os responsáveis ainda não foram identificados.
A faculdade fica no Largo São Francisco, centro de São Paulo. Como o prédio é tombado como patrimônio cultural, de interesse histórico, arquitetônico e urbanístico, até para fazer reformas ou remover os símbolos relacionados ao nazismo é preciso passar por protocolo detalhado.
O responsável pelos desenhos pode ser expulso da universidade, segundo a vice-diretora, Ana Elisa Bechara, a faculdade comunicou os grupos que monitoram esses crimes tanto no MP quanto no Ministério Público Federal (MPF). O diretor da faculdade, Celso Campilongo, diz que a diretoria considera os símbolos nazistas intoleráveis e que buscará identificar os responsáveis para que respondam por seus atos.
ONU alerta para nazismo no Brasil
Após concluir visita ao Brasil, a relatora especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo disse que o país precisa de ações transformadoras para acabar com o racismo sistêmico, e que também está preocupada com o crescimento de grupos nazistas no Brasil.
Em uma coletiva de imprensa realizada no início de agosto, Ashwini K.P disse estar “chocada por saber da presença de grupos neonazistas disseminando discurso e crimes de ódio”. Ela disse estar preocupada com relatos de islamofobia direcionados a migrantes, incluindo pessoas refugiadas e solicitantes de asilo, particularmente em Santa Catarina.
Ashwini disse que o crescimento de células neonazistas nos estados do sul do Brasil e outras formas de extremismo de direita são “impulsionadores perigosos de formas contemporâneas de racismo e outras formas semelhantes de ódio e intolerância”.
Na ocasião a relatora também destacou que pessoas afrodescendentes, povos indígenas, comunidades quilombolas, pessoas romanis (também conhecidas como ciganas) e outros grupos étnicos e raciais marginalizados no Brasil são constantemente impactados pelo racismo sistêmico.
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