Dados da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo mostram que, nos últimos dois anos 56,1% das mortes em decorrência de intervenções policiais são de pessoas negras. De acordo com a própria Ouvidoria, em 2019, esse percentual atingiu 55,18%.
No relatório divulgado nesta terça-feira (26), a corporação revela ainda que o número de óbitos de pessoas brancas também subiu. Em 2019 eram 33,29% e, em 2020, 33,69% das vítimas letais da polícia de São Paulo. “Em 2010, no Censo Demográfico, 63,9% dos paulistas se declararam brancos, 29,1% pardos, 5,5% pretos (34,6% negras), 1,4% amarelos e 0,1% indígenas. Mesmo que depois de 11 anos esses dados estejam defasados, a diferença é muito significativa”, afirma o relatório.
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“Em janeiro, a Ouvidoria recebeu representantes do Núcleo de Religião de Matriz Africana, da Polícia Militar da Bahia (Nafro/PM-BA), grupo de promoção à diversidade racial e religiosa que há 15 anos está presente na Polícia Militar daquele Estado“, aponta o texto.
Câmeras corporais
A Ouvidoria relata ainda que, em números absolutos, houve uma redução nas vítimas a partir de intervenções policiais. Ainda de acordo com o relatório, o número de óbitos em decorrência de confrontos foi 867 em 2019; 814 em 2020 (redução de 6,1% em relação ao ano anterior); e 570 em 2021 (queda de 29,9% em comparação a 2020, e de 34,2% em relação a 2019).
Um dos fatores que apontam essa redução é a menor circulação de pessoas nas ruas em razão da pandemia de covid-19, e a suspensão da realização de festas e eventos de grande porte. “Além dessas ações, é importante destacar o uso de câmeras corporais por policiais no estado. A ideia de que o policial está sendo filmado tende a fazer com que ele tenha mais cautela no uso da força. Ao mesmo tempo tende a inibir a reação das pessoas em conflito com a lei, o que poderia não ocorrer sem a presença do equipamento. A câmera corporal qualifica o conjunto probatório de provas, dá transparência e aumenta a confiança da população na polícia”, destaca o texto.
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