O que a cosmovisão de Oxum nos ensina
Por Tainara Ferreira*
O que a cosmovisão de Oxum nos ensina. Nos últimos dias, os jornais e internet acaloraram uma discussão em torno da fala do atual presidente Lula em referência à Ministra Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria das Relações Institucionais.
Será que ser bonita é de fato uma prerrogativa para ser boa estrategista? Como especialista em gênero e cosmovisão africana, trarei Oxum, orixá dos cultos iorubás para essa conversa.

Conhecida nos itans, narrativas mitologícas da iorubalândia, como uma divindade estrategista, que usou o mel para enfrentar seus inimigos e coletar informações para guerrear.
Em uma sociedade ainda tão permeada pela visão eurocêntrica da vida e de tudo que lhe permeia, Oxum nos ensina que nem sempre se ganha uma guerra com armas de fogo e força física. E lidar com o patriarcado é subverter essa mesma ordem braconcêntrica de nós mesmos e do sistema.
Não retiramos a importância de classificar e reiterar a competência das mulheres no mercado de trabalho onde a representação feminina ainda é tão desigual.
Entretanto, a nossa mãe Oxum ensina as suas filhas que é necessários muitos talentos para superar os desafios. Sua doçura não lhe torna menos guerreira e vencedora, sua maternidade e silêncio não lhe torna menos forte e enérgica quando necessário.
O feminino brasileiro precisa beber da água de Oxum e remover de si, o espelho patriarcal que reflete sobre o feminino uma visão limitada de si mesma.
Tainara Ferreira* fez Bacharelado em Artes – IHAC/UFBA, está cursando Bacharel do Estudos em Gênero e Diversidade – NEIM/UFBA e é Pós Graduanda em Teologia, Cosmologia e Cultura Afro Brasileira – UMBANDA EAD, e atua com Mentoria e Consultoria de Letramento Racial e Mulherismo
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