Policial Militar vira ré no caso que ocorreu em 2023 na zona Oeste do Rio
A 19ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Rio de Janeiro aceitou a denúncia de injúria racial feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, contra uma policial militar, por chamar a funcionária de uma lanchonete no Rio de Janeiro, de mucama. O caso ocorreu em dezembro de 2023, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste da cidade, e agora a policial virou ré.
“Mucama, traz o meu cafezinho. Eu não sei quem foi o filho da p* que aboliu essa lei no Brasil”, foi o que a policial disse, segundo a denúncia do Ministério Público. De acordo com o depoimento de Michelle Ataide, funcionária da lanchonete, a policial estava acompanhada de uma amiga, que foi responsável por fazer os pedidos no balcão e que agente teria a ofendido à distância, usando um tom debochado e preconceituoso.

A atendente ressaltou que passou mal e chorou bastante após as ofensas e em seguida teria passado pela mesa onde estava a major e dito que “racismo é crime”
Em denúncia o Ministério Público afirmou que o insulto racista foi usado como instrumento de humilhação relembrando a escravidão e a inferiorização das mulheres negras. A promotoria entendeu que as falas discriminatórias da PM reforçou a intenção de diminuir a população negra.
Em depoimento, a policial disse que tudo teria sido um “mal entendido” e que conversando com a amiga de forma descontraída teria falado “brincando” que “mesmo não sendo sua escrava ela poderia trazer seu café”. Segundo a acusada, a fala não foi pejorativa ou com objetivo de ofender alguém, além de nem ter notado a presença de Michelle no local.
Ainda em depoimento, a major conta que fez um pedido de desculpas pela situação e deixou uma carta e um presente para Michelle na recepção da academia onde fica a lanchonete. E ressaltou que por ser oficial da Polícia Militar “convive com colegas de serviço de raças e origens diversas”.
O processo agora segue com o Tribunal de Justiça. A promotoria afastou a possibilidade de acordo pela natureza da infração penal e os valores sociais violados. O Ministério Público espera que a policial seja condenada por injúria racial, com pena de prisão e pagamento de multa por danos morais.
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