NP Entrevista: “Ganhamos uma chance de voltar a falar sobre projeto de país”, diz Lázaro Ramos sobre futuro do Brasil

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Lázaro Ramos em palestra na Flup - Foto: André Gomes de Melo

O ator, apresentador, cineasta e escritor Lázaro Ramos, que começou sua carreira artística no Bando de Teatro Olodum, hoje conquista uma série de prêmios internacionais com o primeiro filme que dirigiu, “Medida Provisória”. O longa, estrelado por sua esposa Taís Araújo, o ator e cantor Seu Jorge, e o ator  anglo-brasileiro Alfred Enoch, também teve outros nomes importantes do cinema nacional.

Recentemente, só no principal festival de cinema brasileiro do exterior, Inffinito Film Festival, o longa recebeu três prêmios: Melhor Roteiro, Melhor Filme e Melhor Ator Coadjuvante, para Seu Jorge. Antes disso, o filme já havia recebido outros prêmios, como por exemplo, o de Melhor Roteiro no Indie Memphis Film Festival.

Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta, Lázaro Ramos contou que fica feliz com as premiações e o reconhecimento que “Medida Provisória” recebeu, que ele afirma ser “razoavelmente esperado ao fazer um filme como esse”, mas foi a recepção do público brasileiro que realmente o deixou mais satisfeito.

“O maior prêmio mesmo foi ele ter sido abraçado pelo público. Quantidade de pessoas que foram ver, quantidade de grupo de pessoas pretas que se organizaram para levar jovens e crianças aos cinemas, a repercussão que ele teve e os subprodutos que ele gerou – rodas de discussão, trabalhos literários, exposições artísticas”, conta entusiasmado, destacando também que o filme foi exibido em todas as sedes da Fundação Casa em São Paulo. 

Lázaro Ramos em palestra na Flup – Foto: André Gomes de Melo

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Para Lázaro, esta foi a maior conquista que o filme rendeu, cumprindo com o propósito do longa.

“A grande meta que a gente tinha quando fez o filme era gerar discussão sobre a luta antirracista. É entretenimento, está tudo legal, estou feliz com os prêmios, é importante, bom para o currículo [risos] Mas este filme, para mim, não faria sentido se ele ficasse reduzido somente ao circuito do cinema e os prêmios do cinema. O prêmio maior é a discussão que ele provocou”. 

E partindo do debate provocado pelo filme e das eleições recentemente concluídas, que estabeleceram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ser o próximo Presidente do Brasil a partir de 2023, após quatro anos de governo do atual Presidente Jair Bolsonaro (PL), Lázaro diz que tem esperança, apesar de reconhecer que o caminho não será fácil.

“Eu acho que a gente ganha uma chance de voltar a falar sobre projeto de país, de nação. Acho que vai ser muito difícil sim já que a gente está com o coração, com a cabeça e com o país muito machucado, mas pelo menos a gente teve uma chance de não ficar sendo agredido e ofendido oficialmente todos os dias”. 

Para o ator, por muito tempo o projeto estabelecido no país foi mais de desmantelar do que de construção, e que a partir de agora, há muito o que ser feito, reafirmando a importância de todos participarem da construção deste novo momento. 

“A gente vai ter que continuar com as mangas arregaçadas para trabalhar. Cobrando, sugerindo, porque esse também é o nosso papel. Mas pelo menos, agora, a gente ganha um pouco de respiro para voltar a poder falar sobre o quê que a gente considera uma nação digna”, finaliza. 

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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