Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou um relatório nesta segunda-feira (17) que afirma que 2.218 trabalhadores foram resgatados de trabalhos análogos à escravidão no meio rural, dos 207 casos registrados no último ano. Esse é o maior número dos últimos 10 anos.
Em comparação com 2021, houve um aumento significativo de casos e de pessoas resgatadas nessa situação exclusivamente, de 32% e de 29%, respectivamente. A quantidade de pessoas libertas sob essa condição no meio rural representam 88% do total de trabalhadores regatados no país, sendo apenas 12% encontrados em atividades nas cidades.
O setor de trabalho rural que mais registrou denúncias de trabalho similar a situação escrava foi o ramo da agroindústria que produz o açúcar, álcool e outros derivados da cana-de-açúcar. Foram 523 trabalhadores resgatados nesse setor. O levantamento também destaca que 62% dos resgatados estavam trabalhando em monoculturas, mas afirmam que os números podem ser subnotificados.
“Esses dados não representam o total de pessoas que trabalham em condições sub-humanas no campo brasileiro, uma vez que nem todas as ocorrências são notificadas ou mesmo descobertas”, diz a CPT que é ligada à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A lei brasileira determina que é crime submeter alguém à condição de trabalho análogo à escravidão. Também é punível por lei qualquer pessoa que atue para impedir o direito de ir e vir do trabalhador que esteja nessa condição.
Os estados que mais concentram as chamadas relativas ao crime de trabalho semelhante à escravidão são Minas Gerais (62 casos e 984 pessoas resgatadas); Goiás (17 casos e 258 pessoas resgatadas); Piauí (23 casos e 180 pessoas resgatadas); Rio Grande do Sul (10 casos e 148 pessoas resgatadas); Mato Grosso do Sul (10 casos e 116 pessoas resgatadas); São Paulo (10 casos e 87 pessoas resgatadas).
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