Morreu na manhã deste sábado (19), aos 98 anos, Tia Maria do Jongo.
Filha de negros escravizados e a principal guardiã das tradições do Jongo, Tia Maria foi responsável por manter vivo e transmitir às novas gerações os ensinamentos trazidos à cidade no século XIX por escravos bantos, que tiveram grande influência na criação do samba.
A fundadora da Escola de Samba Império Serrano, em 1947, morreu após passar mal na manhã deste sábado. Ela foi levada para o Posto de Atendimento Médico (PAM) de Irajá, na Zona Norte do Rio. Ainda não há detalhes sobre a causa da morte de Tia Maria do Jongo.
Na última terça-feira (14), Tia Maria foi agraciada e ovacionada em pleno Copacabana Palace ao receber o Prêmio Sim à Igualdade Racial, na categoria Arte em Movimento, pilar Cultura, onde concorreu com o ator Fabrício Boliveira e o rapper Djonga. Na entrega do prêmio, Tia Maria subiu no palco e com aquela já tradicional simpatia e sorriso largo, agradeceu e convidou a todos a passarem uma tarde na Casa do Jongo. “Obrigada! O Jongo da Serrinha agradece e terá um grande prazer, se vocês um dia puderem passar uma tarde com a gente lá. O jongo é bom! Vocês vão gostar”, finalizou, bastante contente.
Tia Maria nasceu em 1920, dez anos depois de sua mãe ter migrado de Minas Gerais para o Rio e se estabelecido na Serrinha, na periferia do Rio, que na época era uma área rural. “A minha mãe já veio para o Rio dançando jongo, cantando jongo. Eu digo que já nasci jongueira.”
Além do Jongo, Tia Maria também foi uma das fundadoras da escola de samba Império Serrano. A verde e branco de Madureira nasceu no quintal da sua casa e a jongueira era a última fundadora viva do Império.