Atualmente com 14,8 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) o Brasil enfrenta uma grande crise econômica intensificada no período da pandemia. Especialistas acreditam que parte desses desempregado consiga se recolocar no mercado de trabalho mas, mesmo quando a crise passar e a economia voltar à normalidade, o Brasil não deve registrar uma taxa de desemprego inferior a cerca de 10%, segundo especialistas.
Ou seja, aproximadamente 10 milhões de pessoas seguirão desocupadas. Isso porque essa seria a chamada taxa de desemprego de equilíbrio do país, pelas contas dos economistas.
Nosso desemprego “natural” é mais alto do que o de países desenvolvidos, em grande medida devido ao baixo nível de formação da mão de obra, alto índice de rotatividade e informalidade, e elevado custo de contratação dos trabalhadores, dizem os especialistas.
“Nossa infeliz realidade é de um pleno emprego em que quase 10% da população tem que estar desempregada para que a situação seja considerada estável ao longo do tempo”.disse o Braulio Borges, economista sênior da LCA Consultores e pesquisador do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), em entrevista a BBC.
Os economistas consideram que a taxa de desemprego de equilíbrio de um país é aquela em que o nível de emprego não contribui para acelerar a inflação. Ela é chamada no jargão econômico de Nairu (non-accelerating inflation rate of unemployment, em inglês).
“Num mercado de trabalho deteriorado, os trabalhadores têm menor poder de barganha e menos capacidade para exigir salários melhores. Com essa menor pressão de custos para as empresas, é menor a pressão inflacionária”, explicou Victor Kayo, economista da MCM Consultores, em entrevista a BBC.
Na situação contrária, quando a taxa de desemprego fica abaixo do nível de equilíbrio, os trabalhadores têm mais força para pressionar por melhores salários. Com maior renda, demandam mais produtos e serviços. Já os empresários repassam o aumento de custo com salários aos preços. Os dois movimentos contribuem para acelerar a inflação.
Fonte: BBC