O Brasil é um dos países que mais matam mulheres no mundo e, de acordo com o Atlas da Violência 2019, o estado do Rio Grande do Norte é o mais violento contra os negros. No ano de 2017, o estado nórdico registrou uma taxa de 87,0 mortos a cada 100 mil habitantes negros, mais do que o dobro da taxa nacional. No mesmo sentido, houve um aumento de 214% de homicídios de mulheres negras, entre os anos de 2007 e 2017.
Na contramão desses números, a bacharel em enfermagem e digital influencer, Jassy Carvalho, se tornou a primeira mulher negra a apresentar um programa em duas emissoras da TV aberta Potiguar, o Minuto da Moda. Segundo ela, apresentar um programa para milhares de pessoas é uma conquista para a comunidade negra: “Uma grande vitória como mulher negra, que tem uma vida tão difícil nesse Estado. Entrei na TV pelos meus próprios méritos e creio que outras meninas, que se sentem oprimidas ou inferiorizadas aqui no RN, podem sonhar, assim como eu, e se sentirem representadas ao ver uma mulher, filha de uma técnica de enfermagem e de um pedreiro, virar uma Digital Influencer e ter a oportunidade de estar na TV”, afirmou.
Racismo estrutural
Em um país em que o padrão de beleza sempre foi o modelo europeu, caucasiano, mesmo que sua grande maioria seja composta por negros, as segregações ainda existem em todos os segmentos. Carvalho relembra de um fato em que uma loja de óculos promoveu uma festa e, mesmo ela sendo conhecida do grande público, não foi convidada e quando procurou o promotor do evento, foi ignorada. “Esta loja convidou todos os digitais influencers de Natal, eu entrei em contato, enviei meu mídia kit e quando eles olharam meu perfil, me bloquearam no WhatsApp. Eu encaro isso como uma caso claro de racismo. A festa foi com blogueirinhas loiras e brancas e muitas delas que nem tem posicionamento de mídia”, desabafou.
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