QUEÑUAL: espetáculo aborda saberes ancestrais afro-indígenas nos dias atuais

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Está em cartaz, até o dia 15 de março, em São Paulo, o espetáculo QUEÑUAL, que traz reflexões sobre a diáspora africana e a relação com os povos originários nas questões ambientais da América Latina. Todas as apresentações são gratuitas e para saber mais, acesse o Instagram da Cia. Pé do Mundo.

“Enquanto artistas negros, estamos partindo de nossas próprias vivências, observações e inquietações de mundos, para criar e contar novas histórias, horizontes e imaginários intimamente relacionados às noções de diásporas, cultura, identidade, identificação, resistência e pertencimento”, comenta o bailarino Roges Doglas.

O espetáculo está em cartaz até dia 15 de março – Foto: José de Holanda

QUEÑUAL é um texto-dança conduzido por dois personagens que se imaginam numa história contada por um mestre ancião. Nesta jornada, eles passam a se questionar o porquê de serem brasileiros os colocam distantes de noções de identidade sul-americana, latino-americana, amefricana. A obra também acende o protagonismo das culturas afro-indígenas frente às soluções climáticas.

“Para os nossos ancestrais, não havia diferenças entre seres humanos e natureza, é um corpo só, íntegro. Então, a natureza sempre foi respeitada, reverenciada e entendida como parte de nós. O cuidado com o meio ambiente tem que assumir a inteligência ancestral”, comentam Cláudia Nwabasili e Roges Doglas, idealizadores, diretores, coreógrafos e bailarinos da Cia. Pé no Mundo.

QUEÑUAL é livremente inspirado pelo texto teatral homônimo, originalmente criado para a companhia, do dramaturgo Gabriel Cândido.

“Como artistas negros e brasileiros, observamos que há uma lacuna ainda a ser vencida relacionada aos referenciais culturais, corporais e artísticos que tragam como centro de discussão e abordagem a nossa identificação ancestral. Os referenciais muitas vezes não são abordados nos estudos oficializados e formações profissionais de dança. O que não faz nenhum sentido, pois essas referências além de interferir na formação das nossas subjetividades, necessariamente devem e podem ser fonte de pesquisa, criação, construção corporal técnica, em todos os níveis de convivência social, dentro e fora dos âmbitos educacionais ou das instituições culturais vigentes”, completam os artistas.

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“A realidade que se faz urgente é trazer para o mundo o nosso mundo. (Re)apresentar histórias omitidas, direitos e protagonismos roubados, retomar o espírito coletivo e colaborativo dos nossos povos, fazer com que a dança valorize a diversidade das nossas narrativas históricas e o complexo cultural que o identifica e o compõe”, finalizam.

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