Reconhecido internacionalmente, “Repertório N.2” traz prática de autodefesa e crítica social

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Surgindo da busca pela compreensão de como cada corpo elabora a sua própria capacidade de se defender, “Repertório N.2” utiliza da performance de dança como prática alternativa de autodefesa. O espetáculo está em cartaz no Espaço Multiuso 2 do Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, no centro do Rio, nesta sexta (12) às 16h30, e sábado (13) às 15h.

A classificação etária é 18 anos. O projeto é contemplado pelo edital Viva o Talento, da Prefeitura do Rio via Secretaria de Cultura. Os ingressos são gratuitos.  Idealizado e protagonizado por Davi Pontes e Wallace Ferreira, esta é a segunda parte de uma trilogia coreográfica sobre a autodefesa de corpos pretos.

Foto: Matheus Freitas

Iniciado em 2018, o projeto “Repertório” ganhou reconhecimento tanto nacional quanto internacional. Apresentou-se em oito países além do Brasil, incluindo Suíça, Suécia, Áustria, Canadá, Espanha, Islândia, Finlândia e Sérvia, além de ter recebido o prêmio Young Choreographers’ Award 2022 no festival ImPulsTanz. 

Ao levar Repertório N.2′ para o cenário internacional e serem reconhecidos por isso, Davi reconhece que a mensagem desta peça ultrapassa barreiras.

“Eu gosto de pensar que essas barreiras são apenas geográficas; o norte e o sul globais são lugares móveis. Nós percebemos que as ideias que mobilizamos estão espalhadas por todo canto e o nosso desafio é conseguir furar com o nosso pensamento as instituições mesmo que pareçam rígidas. Sinto que é um jogo contraditório, armadilhado, mas ao mesmo tempo nos interessa jogar. Estamos animados com todas essas viagens porque nosso trabalho é um anúncio das ideias que compartilhamos sobre esse mundo e nas quais não iremos abrir mão”, reflete.

Utilizando técnicas desviantes e informais, a dupla aposta em uma genealogia alternativa, subterrânea, de práticas autodefensivas, assumindo o compromisso de pensar criticamente sobre o mundo em que vivem. Nus em cena, propõem uma coreografia intransigente entre a intuição e o desejo de liberar o pensamento através da coreografia, como ressalta Davi.

“O Repertório N.2 lida sobre como pensar uma prática de autodefesa através da dança, mas buscamos resolver isso de uma maneira completamente diferente, então essas práticas de defesa estão sempre se reformulando e criando outras práticas dentro desse mesmo sistema”, conta.

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Como uma obra política, a peça é fruto da inquietude de seus criadores, que começaram a examinar práticas cotidianas e a explorar como os corpos se movimentam. A partir desta investigação, surgiu a questão de como se pode, através do movimento, articular um pensamento em relação à dança.

“Em 2018, o ex-presidente começou a escalada presidencial e foi neste mesmo ano que eu conheci Wallace. A partir disso, surgiu o interesse em compreender como cada corpo elabora a sua própria capacidade de se defender. Então o trabalho tem como princípio quase ético a ideia de autodefesa”, argumenta.

Com a dança correndo nas veias, Davi destaca a importância da arte em suas vidas. “Eu sempre fui interessado na palavra ‘coreografia’. Para mim, a coreografia é uma palavra que está em disputa. Eu penso nela fora do campo da dança, fora do campo do pensamento moderno em que ela foi criada, e dentro desse emblema da modernidade, assim tento articular-lá com a palavra defesa e com a palavra racialidade”, reflete.

SERVIÇO 

Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica

Espaço Multiuso 2

Data: 05, 06, 12, 13 de abril de 2024

Horário: Sextas às 16h30 e sábados às 15h

Guia Classificação Etária:  18 anos

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