A situação das favelas no Rio de Janeiro em meio a pandemia do novo coronavírus preocupa lideranças comunitárias que estão se mobilizando afim de conter a disseminação do vírus. Muitas comunidades sofrem com a falta de saneamento básico, produtos de higiene e testes da Covid- 19. Com o objetivo de diminuir o impacto da doença nas favelas do estado, a organização ‘Favela Sem Corona’ em parceria com o aplicativo Ribon, visa disponibilizar testes rápidos e gratuito para os moradores.
O projeto é uma iniciativa do estudante Pedro Berto, nascido e criado em uma comunidade carioca que se mobilizou para arrecadar doações para a compra dos testes. Nas primeiras 24 horas, a Ribon arrecadou 10 mil reais. Luciana Barros é uma das organizadoras do projeto juntamente com Pedro e reforça a importância dos testes nas favelas do Rio, que até o momento não tem sido prioridade do governo. “Na próxima semana, chegarão os primeiros testes que serão doados na área do Centro e Vila Kennedy. A próxima remessa irá para Maré. Estamos assegurando o acesso à saúde da nossa população preta, periférica”, afirma.
Os funcionários de saúde que estão na linha de frente contra o novo coronavírus e que atuam dentro das comunidades também enfrentam dificuldades. “É inadmissível que falte produtos de higiene e limpeza para funcionários, como estamos contando em alguns relatos dos próprios profissionais de saúde. Essas pessoas tem família e boa parte desses profissionais também residem em comunidade”, conta Luciana.
A invisibilidade social da população preta e periférica é uma pauta que deve ser convocada em cada oportunidade, em todos os espaços. Nosso engajamento vai além desse período de pandemia
O Brasil tem 13,6 milhões de pessoas morando em favelas, segundo os Institutos Data Favela e Locomotiva. Recentemente, a prefeitura do Rio de Janeiro disponibilizou quartos de hotéis para idosos que moram em comunidades. Outras medidas estão sendo avaliadas, como hospitais de campanha e navios para receber os moradores que estejam com o Covid-19, mas ainda não é o suficiente.
O Favela Sem Corona, também possui um canal para que os moradores possam fazer denúncias de violação dos direitos humanos, violência contra a mulher e crimes contra a saúde pública. Também há suporte psicológico online para pessoas que estejam com dificuldades para lidar com o isolamento. “A invisibilidade social da população preta e periférica é uma pauta que deve ser convocada em cada oportunidade, em todos os espaços. Nosso engajamento vai além desse período de pandemia,” finaliza Luciana.
Qualquer pessoa pode ajudar, seja compartilhando conteúdo, doando ou até mesmo se voluntariando para as ações na comunidade. As doações são feitas através do site www.favelasemcorona.com.br e também pela plataforma Ribon.