Professor da Unicamp será afastado por acusação de agressão a estudantes

greve-scaled.jpg

Funcionários, professores e alunos das universidades estaduais paulistas protestam em frente ao portão principal da USP (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Acusado de agredir e ameaçar estudantes com faca e spray de pimenta, na última terça-feira (03), o professor Rafael de Freitas Leão, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), será afastado das atividades didáticas do segundo semestre deste ano.

O conselho Interdepartamental do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (IMECC) divulgou, em nota, o afastamento do professor.

Momento em que o professor tenta acertar o estudante – Foto: Reprodução/redes sociais

O caso teria iniciado por volta de 7h, no momento em que estudantes visitavam as salas para convidar outros alunos a participarem de uma paralisação, apoiando a greve contra a privatização do metrô. Segundo relatos de outros alunos, o professor teria pedido que saíssem e os ânimos se exaltaram.

Versão dos estudantes

O estudante Gustavo Bispo, em entrevista ao jornal Extra, disse que neste momento começou a confusão. “Quando a gente estava tentando conversar e fazer um diálogo sobre a a paralisação que está acontecendo, esse professor veio pra cima de mim, segurou no meu braço e me jogou no chão”, disse o estudante.

De acordo com Gustavo, ele usou uma mesa para se defender e fugiu. Em seguida, o prédio teria sido cercado por estudantes e a segurança da universidade foi acionada. Neste momento, já nos corredores, o professor e outro aluno entrarem em confronto.

De acordo com as testemunhas o professor teria jogado spray de pimenta nos alunos. “Levantou uma faca tentando me esfaquear, a mim e um outro estudante, que tentou correr daquele espaço também”, disse o aluno.

Versão do Professor

O professor disse à polícia que sofreu ameaça de alunos em 2016 e, por isso, carregava faca e spray de pimenta para se defender. Ele disse que ao chegar na instituição teria visto um grupo de alunos aglomerados na entrada da sala, e ao tentar entrar na sala, o estudante Gustavo teria dito que ele não daria aula devido a paralisação.

O professor diz que o aluno o empurrou e por isso pegou a faca e o spray de pimenta para se defender. Em seguida o estudante teria se afastado e ele guardou as armas. Ainda de acordo com o professor, os alunos se aglomeraram ao seu redor e um outro aluno, chamado João, teria dito aos alunos que avançassem contra ele.

Boletim de Ocorrência

O caso foi registrado como lesão corporal e incitação ao crime, tendo Rafael como vítima e Gustavo como autor da ação. A ocorrência foi registrada no plantão do 1º Distrito Policial e encaminhado ao Juizado Especial Criminal.

É possível ver na nota divulgada no Instagram que o IMECC sugeriu que os professores considerassem a suspensão das aulas devido a paralisação no intuito de minimizar conflitos. Mas a sugestão não foi acatada pelo professor.

Os alunos da universidade deram início a uma greve nesta quarta-feira (04) e entre as reivindicações está a exoneração do professor.

A Pró-Reitoria de Graduação (PRG) se manifestou em carta aberta. Confira abaixo na íntegra:

“Em defesa de uma convivência acadêmica saudável e contrária a qualquer forma de violência e ações discriminatórias no ambiente educacional, a PRG vem a público manifestar repúdio às atitudes de um servidor docente, amplamente divulgadas nas redes sociais e na mídia nacional, de:

1. ir armado para a sala de aula;

2. tentar infligir uma facada em um estudante;

3. atacar outro estudante com spray de pimenta.

Tais atitudes são inadmissíveis e não devem ser toleradas. A PRG se posiciona pela aplicação imediata dos procedimentos administrativos e legais necessários, compatíveis com a gravidade do caso”

Leia mais: Greve na USP: “alunos estão atrasando formaturas por falta de professores”, diz estudante

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

Deixe uma resposta

scroll to top