Primeira mulher negra e trans se formará em direito no MS

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Alanys Matheusa é o nome da jovem, de apenas 22 anos, que será a primeira mulher trans e negra a se formar em Direito no Mato Grosso do Sul. Este feito de Alanys, que tem apenas mais um semestre para concluir a graduação, se deu por meio de uma bolsa de 100% do Prouni em uma universidade de Campo Grande (MS), inclusive, ela já passou na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Escolhi o direito por acreditar que ele é um instrumento de mudança social. A minoria não faz leis no Brasil, então, o mínimo que podemos fazer, é ter pessoas da gente para interpretá-las e para defender nossos direitos no judiciário. Por isso eu quero ser juíza ou defensora pública”, afirmou Alanys.

Alanys Matheusa é a primeira mulher trans e negra do Mato Grosso do Sul – Foto: Leandro Barbosa

Dificuldades para a comunidade LGBT

Segundo dados publicados pelo Mapa da Violência, em 2017, o Mato Grosso do Sul foi o estado que mais registrou violência contra pessoas homossexuais ou bissexuais: 91 a cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro da taxa nacional, que foi de 41 por 100 mil habitantes.

De acordo com a Pesquisa Nacional Sobre o Ambiente Escolar no Brasil, realizada pela ABGLT, para os LBTQIS+ concluírem o ensino médio é um grande desafio. Tanto que, no ano de 2016, dos 1.016 estudantes que participaram da pesquisa, 73% deles alegaram ter sido agredidos verbalmente na escola. As agressões físicas ocorreram com um a cada quatro desses alunos e mais da metade deles chegaram a ouvir comentários negativos sobre as pessoas trans no ambiente escolar. 45% deles afirmaram se sentir inseguros em sua escola devido à sua identidade de gênero e com Alanys isso não foi diferente. Ela passou pela mesma situação. “Estou terminando na condição de única negra da turma. É isso: a filha da doméstica convivendo com a filha do cirurgião, do procurador, um lugar que tentaram me convencer que não era pra mim. Ainda assim, foi na universidade que tudo mudou. Comecei a fazer terapia em meio a esse processo e passei a me compreender como mulher trans, a me expressar como travesti e cheguei ao final da graduação já com meu nome social, Alanys, e em processo de terapia hormonal”, finalizou.

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