Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), estima-se que o preço do cacau subiu 189% nos últimos 12 meses, impactanto o comércio da Páscoa. Diante deste cenário, confeiteiras brasileiras estão reinventando estratégias para manter as vendas do período. Esse é o caso das confeiteiras Jhessyka Cristina, 35 anos, e Larissa Vidal, de 29, sócias da LJ Doceria. Ao Notícia Preta, Jhessyka conta que a saída foi produzir ovos menores, mais baratos, mas igualmente especiais.
“Cada ano que passa o chocolate tá mais caro, esse ano então se superou“, relata Jhessyka. “E como a confeitaria vem crescendo cada vez mais no mercado de trabalho, a ideia que eu e minha irmã tivemos foi investir em ovos menores, focando nas crianças“, explica a confeiteira que atua no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro.
No mundo, os preços do cacau atingiram patamares históricos em 2025, com alta de mais de 60% em relação ao ano anterior, segundo dados da International Cocoa Organization (ICCO). O aumento é impulsionado por problemas climáticos nas principais regiões produtoras da África Ocidental e pela crescente demanda global por chocolate premium.
Com o custo do chocolate e dos recheios em alta, muitas famílias estão reduzindo ou até abandonando a tradição de presentear com ovos de Páscoa. “Muitas pessoas com muitos filhos, afilhados ou sobrinhos já não conseguem mais comprar ovos em mercados ou lojas grandes por conta do valor“, explica Jhessyka, que por ser mãe de um menino de 11 anos, entende essa situação.
A solução? Ovos compactos, mas bem acabados. “Preferimos mudar o tamanho ao invés de mudar a qualidade“, diz a confeiteira. “São ovinhos bonitos e coloridos, para que todos consigam ter acesso“.
Demanda mais baixa em 2025
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que as vendas na Páscoa deste ano registrem uma queda de 1,4% na comparação com o ano passado. Esse impacto já foi sentido, como desataca a confeiteira.
“Ano passado, nossa agenda fechou em menos de 2 semanas. Esse ano ainda temos vagas“, comenta Jhessyka. Para compensar, a doceria está investindo em pronta entrega, apostando nos últimos minutos antes do domingo de Páscoa. “Muitos clientes deixam para comprar na hora. Acredito que venderemos bastante esses ovinhos menores, que são uma ótima lembrança“.
Apesar da pressão por redução de custos, a dupla mantém o compromisso com a excelência. “Encontramos chocolates mais baratos, mas preferimos marcar nossos clientes de forma positiva“, afirma Jhessyka. “Somos confeiteiras, não fazemos apenas doces. Realizamos sonhos“.
Jhessyka trabalha com Lohrany Martins, confeiteira que também passa seus conhecimentos para outras profissionais através de seu empreendimento, o KML Confeitaria. Segundo ela, esse tema sobre empreender, também é passado.
“Temos aulas de precificação inclusos nos curso, principalmente neste de páscoa, para que elas possam cobrar de forma correta e não ter prejuízo“, conta a empreendedora que afirma que essa é a data que as confeiteiras geralmente mais lucam.
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