“Precisam apoiar”, afirmam personalidades negras sobre Escola de Comunicação Antirracista

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Nesta segunda-feira (21) foi lançada a Escola de Comunicação Antirracista, em um evento para convidados, no Rio de Janeiro. A iniciativa pioneira foi apresentada a profissionais da educação, representantes de iniciativas sociais, e empresas. Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta durante o evento, os convidados destacaram como é importante viabilizar projetos como esse.

A gente tem poder coletivamente de mexer na estrutura da sociedade. A gente fala tanto de estrutura e racismo estrutural, mas também precisamos falar de como a gente coletivamente, pressiona para que nossas demandas sejam ouvidas. A população negra quer se conscientizar racialmente, demandando por marcas que estejam alinhadas com essa consciência racial. E por isso as marcas precisam apoiar projetos como dessa escola que está nascendo aqui“, diz Katiúcha Watuze, cofundadora e diretora de Integração de Núcleos do Coletivo Pretaria.

A CEO e fundadora do Notícia Preta Thais Bernardes no lançamento da Escola de Comunicação Antirracista /Foto: Rafa Pereira

Para ela, apoiar essas causas é um caminho sem volta por ser também, segundo ela, uma “demanda de marcado”, e pelo impacto econômico causado pela população negra, que tem grande atuação na circulação da economia. A comunicóloga, que também atua como parceira do Valor Social da Rede Globo, conta sobre o que significa a iniciativa apresentada por Thais Bernardes.

A escola é a volta para a comunidade. Todos nós que conseguimos caminhar um pouco mais com as nossas causas, que tem um pouco mais de voz, temos essa missão de voltar para a nossa comunidade. E eu sei que a escola vai cumprir com esse papel com excelência. Eu estou muito emocionada e feliz com essa trajetória, reafirmando uma força coletiva“.

De acordo com Tulani Vianna, da área de comunicação do Instituto Coca-Cola Brasil, ajudar a promover não só financeiramente mas de forma institucional e divulgando a iniciativa, é essencial para o sucesso do projeto. “É assim que a gente envolve socialmente todos que estão nessa rede de mudança. E quando a gente vê, a educação foi, ela voou, ela chegou“.

Tulani também destaca o trabalho o poder do trabalho proposto pela Escola de Comunicação Antirracista. “Tornar essa comunicação acessível, é o que faz mudar o lugar do jovem. O que de fato leva conhecimento para eles e o que dá ferramentas para eles buscarem o que querem, e levar para outras pessoas de casa, do trabalho. É um trabalho mágico que de fato muda a sociedade“, diz ela.

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Já a publicitária Helena Bertho ressalta a importância da educação. “Eu realmente acredito que a educação é o grande motor de transformação. A minha família acreditou que a educação seria um canal de transformação da nossa realidade. Então quando eu penso em uma sociedade plural e antirracista, a gente tem que prioritariamente falar do processo de educação, de debate e de construção“.

Sobre a escola, Helena aprova o fato de ser uma iniciativa construída coletivamente, atuando sobre o que ela chama de um “um programa política sobre um questão estrutural”, e afirma que como comunicadora, ela reflete sobre a temática da comunicação de uma outra forma.

Eu sempre digo: a publicidade constrói representações socais. A reflexão que a gente precisa fazer é se essas representações que estamos criando são inclusivas ou se reforçam estereótipos. A comunicação tem o poder de pautar a sociedade, e como projetar imaginários e futuros. Então pra mim escola, comunicação, educação e antirracismo é a equação real que eu acredito, enquanto mãe, profissional, e uma pessoa negra nesse país, de que é o caminho transformador“.

Helena destaca que para as pessoas em geral podem ajudar participando, colaborando, divulgando, se inscrevendo na escola, “validando essa ideia” e o financiamento, já que segundo ela, “iniciativas como essa precisam de sustentabilidade, e para isso ela precisa de investimentos financeiros“.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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