Peça teatral fala sobre racismo, resistência e ancestralidade

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O espetáculo “Negro não Nego”, criado pela companhia que leva o mesmo nome, estreou em 2017. A peça mistura poemas, música, cantos e danças afro-brasileiras. Glayson Cintra, diretor, revela que o projeto começou como uma experiência acadêmica realizada na Cena Hum Academia de Artes Cênicas. Ele afirma que devido à dimensão que a peça ganhou, sentiu que deveria aprofundar a discussão racial na cidade de Curitiba, onde o cenário de preconceito e racismo são frequentes.

“A gente viu a necessidade de continuar falando sobre essa coisa da resistência do negro, principalmente em Curitiba. Enfim, falar dessa questão do preconceito e tudo mais. Então a gente viu essa necessidade e aí eu resolvi transformar essa concepção cênica em um espetáculo. É um espetáculo que dura 30 minutos e o objetivo é justamente esse de falar de humanidade, de falar de resistência, de falar de preconceito. Não existe diferença, o que existe, na verdade, é uma dívida do país com os negros, que foram um dos primeiros habitantes deste país”- explica Glayson.

Crédito: Divulgação

Para compor o “Nego não Nego” foram realizadas pesquisas por meio de leituras e estudo de partituras corporais. O espetáculo é formado por recortes de poemas, textos de autores negros, danças, percussão corporal e notícias de jornais. Cenas interativas instigam aspectos sensório-perceptivos do público. Glayson conta que a peça tem um forte viés político social. Traz questionamentos a respeito de racismo, resistência e ancestralidade. Fala sobre humanidade e cidadania com o objetivo de despertar um outro olhar para o negro na sociedade, mostrar a cultura e a realidade no negro no país.

“Então é para falar sobre isso, falar que a gente está aqui, que a gente fez e vai continuar fazendo história. É essa a ideia, de mostrar que os negros têm importância muito maior na sociedade do que as pessoas acham que a gente tem. Não que a gente seja mais ou menos do que ninguém, mas hoje em dia somos tratados como minorias e não, mais de 50% da população brasileira é negra. Então é um pouco sobre isso, de mostrar essa realidade do negro no Brasil, a cada 23 minutos um negro é assassinado e isso é um absurdo. De contar um pouco dessa tradição que vem desde o começo, essa coisa da ancestralidade, da cultura afro, na questão da dança e do ritual. É falar um pouco disso e que hoje todo mundo acaba usufruindo um pouco do samba e de outras culturas que vieram do povo negro”.

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