Museu das Favelas realiza ‘I Seminário de Pesquisa Favela é o Centro’

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O Museu das Favelas, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, está realizando o ‘I Seminário de Pesquisa Favela é o Centro’ apresentado pelo Itaú Unibanco. O projeto, que ocorre desde quinta-feira (21) até este sábado (23), tem o objetivo de contribuir para a disseminação de informações sobre as periferias e favelas brasileiras, trazendo mesas de debate e oficinas, reunindo mais de 15 especialistas de diferentes estados brasileiros.

das 19h às 21h, no Auditório Estouro, acontece a primeira mesa de debate com o título: “Levantando Dados: Metodologias de Pesquisa na Quebrada”. O encontro tem a mediação de Luzinete Borges, membra do Centro de Estudos Periféricos (CEP) da UNIFESP, e conta com a participação de Rachel Rua, gerente do Data Favela, e Thiago Teles Brandão Ferreira, coordenador técnico do Censo 2022 no Estado de São Paulo.

A mesa debate as diferentes metodologias aplicadas em suas pesquisas de alcance nacional e, também, apresenta dados e estatísticas que disputam estigmas comumente associados aos territórios de favelas e periferias.

Registro da Instalação visão periférica /Foto: Ingrid Barros

Mais cedo, ocorreu a oficina “Debatendo o conceito de favelas com o IBGE”, com mediação de Cayo Franco, coordenador de Geografia da Diretoria de Geociências do IBGE, e Letícia Giannella, pesquisadora em Informações Geográficas e Estatísticas do Instituto. A oficina debateu a revisão da redação dos critérios e da nomenclatura “aglomerado subnormal”, utilizado pelo instituto desde 1991 para identificar, classificar e representar esses territórios em pesquisas como o próprio Censo.

No sábado (23), das 10h às 12h30, na Sala CORRE, ocorre a oficina de elaboração de verbetes para o Dicionário de Favelas Marielle Franco, com mediação de Thiago Ferreira e Caíque Azael, editores do site que reúne mais de 1.700 verbetes a respeito de referências sobre favelas e periferias do Brasil elaborados de forma colaborativa. A oficina faz parte da programação da 17ª Primavera de Museus – Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas, iniciativa promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A ação ocorre anualmente durante o início da estação da primavera, envolvendo museus e instituições culturais em todo o Brasil como forma de criar espaços de reflexão e diálogo sobre temas relevantes da sociedade contemporânea.

Ainda no sábado, das 12h às 17h, a livraria Suburbano Convicto, especializada em literatura marginal, terá um stand para exposição e comercialização de livros e publicações no jardim do Museu das Favelas. A partir das 14h, no Auditório Estouro, ocorre a segunda mesa de debate, sob o tema: “Cartografias periféricas: até onde vai meu mapa?”, que discutirá os limites e desafios sobre o mapeamento em zonas periféricas, e terá a participação dos palestrantes Aluízio Marino (coordenador do LabCidade), Igor Pantoja, (coordenador de Relações Institucionais no Instituto Cidades Sustentáveis), Jéssica Cerqueira, (representando o projeto Emergências Políticas Periféricas, realizado pelo Instituto Update) e a mediação de Wellington Fernandes, do coletivo Quebradamaps.

Para fechar a programação, a terceira e última mesa de debate da programação, sob o título: “Memórias periféricas: as diferentes formas de lembrar e esquecer”, no Auditório Estouro, das 16h às 18h. O encontro reúne os palestrantes: Claudia Ribeiro (coordenadora do Museu da Maré), Sônia Fleury (coordenadora do Dicionário de Favelas Marielle Franco) e Rafael Lucas Leonel (diretor do podcast Memórias Quebradas) e conta com a mediação de Suzy Santos (coordenadora do Museu Comunitário Jd. Vermelhão). A apresentação trará debates sobre as formas de se lembrar e esquecer das favelas e as pesquisas desenvolvidas por suas iniciativas focadas em preservação e construção de novas narrativas.

O seminário parte de uma pergunta norteadora, que está na essência do desenvolvimento do Museu das Favelas, considerada primordial para qualquer discussão nesta área: “o que é favela?”. No entanto, mais do que discutir conceitos sociológicos, o seminário pretende debater como pensar políticas públicas a partir de um termo que é tão complexo de se definir. Todas as pesquisas e organizações convidadas tem o propósito de impactar na realidade desses territórios. São trabalhos de pesquisa que não visam apenas discutir teorias, mas principalmente levantar dados para mudanças pragmáticas e efetivas”, afirma Renata Furtado, coordenadora do CRIA, Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca do Museu das Favelas.

A conferência provoca e dá início a reflexão sobre o conceito de favelas, explorando sua relação territorial e o direito à cidade, além de abordar a intersecção entre segurança pública e o uso comum desses espaços. Com um enfoque na dimensão racial, busca-se analisar as favelas como um instrumento de manutenção e perpetuação social no Brasil.

A programação começou com a conferência de abertura, Favela é o Centro, ministrada pela Thuane Nascimento, também conhecida como Thux, diretora executiva do PerifaConnection.

SERVIÇO

I SEMINÁRIO DE PESQUISA FAVELA É O CENTRO

STAND – LIVRARIA SUBURBANO CONVICTO

Sexta, dia 22/09/2023, 12h às 17h Local: Jardim

MESA 1 – LEVANTANDO DADOS: METODOLOGIAS DE PESQUISA DE CAMPO NA QUEBRADA

Sexta-feira, dia 22/09/2023, das 19h às 21h

Local: Auditório Estouro

Inscrições limitadas

Intérprete em Libras

Credenciamento a partir de 18h

Vagas: 50

Transmissão ao vivo – canal do youtube do Museu das Favelas

Palestrantes: Rachel Rua (Data Favela), Thiago Teles Brandão (IBGE) e Luzinete Borges (CEP – Centro de Estudos Periféricos)

OFICINA DE CRIAÇÃO DE VERBETES COM O DICIONÁRIO DE FAVELAS MARIELLE FRANCO

Sábado, dia 23/09/2023, 10h às 12h30

Local: Sala CORRE

Inscrições limitadas

Intérprete em Libras

Credenciamento a partir de 9h

Vagas: 20

Mediadores: Thiago Ferreira e Caíque Azael (Dicionário de Favelas Marielle Franco)

MESA 2 – CARTOGRAFIAS PERIFÉRICAS: ATÉ ONDE VAI MEU MAPA?

Sábado, dia 23/09/2023, das 14h às 16h

Local: Auditório Estouro

Inscrições limitadas

Intérprete em Libras

Credenciamento a partir de 13h

Vagas: 50

Transmissão ao vivo – canal do youtube do Museu das Favelas

Palestrantes: Jessica Cerqueira (Instituto Update), Aluízio Marino (LabCidade), Igor Pantoja (Rede Nossa São Paulo), Mediação: Wellington Fernandes (Quebrada maps)

MESA 3 – MEMÓRIAS PERIFÉRICAS: AS DIFERENTES FORMAS DE LEMBRAR E ESQUECER

Sábado, dia 23/09/2023, 16h às 18h

Local: Auditório Estouro

Inscrições limitadas

Intérprete em Libras

Vagas: 50

Credenciamento a partir de 15h

Transmissão ao vivo – canal do youtube do Museu das Favelas

Participantes: Cláudia Ribeiro (Museu da Maré), Sônia Fleury (Dicionário de Favelas Marielle Franco), Rafael Lucas Leonel (Memórias Quebradas). Mediação: Suzy Santos (Museu Comunitário Jd. Vermelhão)

SOBRE O MUSEU DAS FAVELAS

O Museu das Favelas está sediado no Palácio dos Campos Elíseos. Gerido pela organização social de cultura IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão – o equipamento nasce de um processo colaborativo com pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas, com atividades culturais e educativas voltadas para todos os públicos, sendo um ambiente de pesquisa, preservação, produção e comunicação das memórias e histórias das favelas brasileiras. O Museu conta com o patrocínio da Unilever e Grupo CCR, apoio da Sabesp, cooperação da Unesco e parceria institucional da CUFA – Central Única das Favelas.

O espaço, inaugurado em novembro de 2022, abriu ao público com a exposição temporária Favela-Raiz e instalações externas, o CRIA – Centro de Referência, Pesquisa e Biblioteca, o CORRE – Centro de Formação, Trabalho, Renda e Empreendedorismo, auditório e um amplo espaço de convivência no jardim. Ao longo de 2023, o público poderá conhecer e participar de atividades no jardim, e nas salas do piso térreo e inferior, enquanto os pavimentos superiores são preparados para receber exposições e outras instalações.

A programação é gratuita. O Museu das Favelas está localizado no bairro Campos Elíseos, em São Paulo, ao lado do Terminal de Ônibus Princesa Isabel. O acesso principal ocorre pelo portão na Rua Guaianases, nº 1024, mas é possível entrar também pela na Avenida Rio Branco, nº 1269. Não há estacionamento no local.

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