Na madrugada do último sábado (17), o pai de santo Leandro Teixeira dos Santos, conhecido como Leandro de Oyá, de 43 anos, foi vítima de um ataque violento ao ser baleado, motivado por intolerância religiosa e homofobia em Mauá, na região metropolitana de São Paulo. “Além de macumbeiro, é viado“, teria dito o homem, para Leandro. A denúncia foi feita pelo babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, nas redes sociais.
Segundo o relato da vítima, ele caminhava pelo bairro onde mora, trajando vestes brancas tradicionais do candomblé, após participar de um rito religioso. Durante o trajeto, foi abordado e ofendido verbalmente por um homem que o chamou reiteradamente de “viado” e debochou de sua religiosidade.

Minutos depois, o agressor teria retornado armado e efetuado diversos disparos contra Leandro, atingindo suas duas pernas. O pai de santo foi socorrido e levado ao hospital da cidade, onde passou por cirurgias e segue em recuperação.
No vídeo eles informam que o homem foi detido. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o autor dos disparos é um homem de 27 anos, que foi preso em flagrante, e que confessou o crime. A arma utilizada por ele foi apreendida, e estava com a numeração raspada.
Contexto histórico e dados recentes
O ataque a Leandro de Oyá se insere em um contexto histórico de perseguição às religiões de matriz africana no Brasil. Desde o período colonial, práticas como o candomblé e a umbanda foram alvo de repressão e discriminação. Um exemplo emblemático é a “Quebra de Xangô”, ocorrida em 1912 em Maceió (AL), quando terreiros foram destruídos e praticantes agredidos por grupos civis e autoridades locais.
Diante do aumento dos ataques, líderes religiosos, organizações da sociedade civil e órgãos governamentais têm se mobilizado para combater a intolerância religiosa. Em 2007, foi instituído o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado em 21 de janeiro, em memória da ialorixá Mãe Gilda, que faleceu após ser vítima de ataques de intolerância.
Nos últimos anos, os casos de intolerância religiosa têm aumentado significativamente. Em 2024, o Brasil registrou 3.853 violações motivadas por intolerância religiosa, um aumento de mais de 80% em relação a 2023. O estado de São Paulo lidera o número de casos, com 919 violações.
A maioria das vítimas são praticantes de religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Essas comunidades enfrentam não apenas a violência física, mas também a destruição de seus espaços sagrados e a profanação de seus símbolos religiosos.
Intolerância Religiosa: denúncias aumentam mais de 80% no primeiro semestre de 2024
Além disso, estados como o Ceará criaram delegacias especializadas para investigar crimes motivados por intolerância religiosa, racial e orientação sexual.
O caso foi registrado como tentativa de homicídio e está sendo investigado pelas autoridades. Entidades religiosas e de direitos humanos cobram uma apuração rigorosa e denunciam o aumento da violência contra religiões de matriz africana no Brasil.