Por Luis Fernando Filho
Quando a seleção guineense entrar no gramado, em Camarões, será a sua 13ª participação na Copa Africana de Nações (CAN). Apesar de nunca ter vencido o torneio, os Elefantes concluíram um belo vice-campeonato em 1976, na edição perdida para o Marrocos, na final. Mesmo assim, o país da África Ocidental, com cerca de 10 milhões de habitantes, se orgulha do filho criado nas ruas de Conacri.
Naby Keita, estrela da Guiné e Liverpool (Inglaterra), é o grande destaque dessa geração que irá mais uma vez à CAN. Em 2018, o meio-campista atingiu o ápice: a transferência mais cara de um jogador africano com a venda do passe, antes do RB Leipzig (Alemanha), ao gigante inglês. Nada mal para um garoto crescido no terrão de Koleya, bairro da capital guineense. Por lá, aprendeu quase tudo o que faz dele um belo maestro: ritmo, precisão e visão necessária para romper as linhas adversárias.
Todavia, nada foi fácil para um jovem que deixou Guiné com apenas 16 anos, longe dos pais e melhores amigos. Após recusas em testes na França, a última chance foi dada por um clube francês, o FC Istres. “Eu não cresci em uma academia, tudo que eu sabia era da rua. Eu pegaria a bola, correria com ela, mostraria alguma habilidade para vencer um jogador e marcar”, disse Keita, em entrevista ao site Goal.
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De lá, a ascensão foi meteórica. Em 2014, por exemplo, Keita foi contratado pelos olheiros do RB Salzburg (Áustria), após uma atuação do meia na seleção contra o Mali em amistoso. O sucesso no clube autríaco justificou sua ida à filial alemã, o Leipzig, e o resto é história: Champions League e Premier League conquistadas com a camisa do Liverpool.
Com as cores da Guiné, Keita estreou aos 19 anos de idade e soma 48 jogos e oito gols pela seleção desde então. “Quando volto para Conacri, ainda há crianças brincando na rua sem sapatos, esquivando-se dos carros. Sempre compro botas quando volto para buscar o máximo de filhos que posso, porque sei o quanto pode significar ter algo tão simples. Há tanta habilidade e talento na Guiné que me enche de orgulho”, completa.
Nesta edição da Copa Africana de Nações, o meio-campista terá a missão de quebrar o estigma dos Elefantes de não ultrapassarem as quartas de final do torneio. Para isso, ele já terá todo o apoio e responsabilidade concedida por mais de 10 milhões de guineenses.
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