“O delegado não quis ouvir as testemunhas”, afirma pai de preso após acusação de assalto no RJ 

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O monitor de percussão Marcos do Nascimento Tavares Carreiro, de 19 anos, foi preso após ter sido acusado de um assalto quando andava pelo calçadão da Praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, na última segunda-feira, 28. A família afirma que as vítimas que o reconheceram se enganaram. Marcos afirmou ao advogado que foi abordado aleatoriamente por um PM só porque ele era “negro e loiro”. Ele descoloriu o cabelo para o carnaval. As informações são do G1. 

O monitor de percussão Marcos Carreiro. Foto: Reprodução TV Globo

“Não sei se é porque ele é negro e está com cabelo loiro que pensaram em fazer essa covardia (…) O delegado não quis ouvir as testemunhas e ainda falou que se a gente não fosse embora eu poderia até ficar preso. Eu falei: ‘Pô, mas o senhor está errado, o senhor tem que ouvir as testemunhas. Se o senhor não escuta as testemunhas…’”, disse Marcelo Luis Tavares Carreiro, pai de Marcos, em entrevista ao “RJTV”. 

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Marcelo disse que o filho e dois amigos tinham ido comprar um salgado quando foram presos. Marcos foi levado para a 14ª DP (Leblon) e transferido para o Presídio de Benfica, na Zona Norte da Cidade. Há oito anos, Marcos frequenta a ONG Liga do Bem, na Vila da Penha, onde se tornou monitor de percussão do projeto.

No boletim de ocorrência, o qual a TV Globo teve acesso, consta que um casal de namoradas do Maranhão disse que o homem que pegou o celular tinha aproximadamente 1,80 metro de altura, era negro e forte e tinha o cabelo descolorido, sendo Marcos o identificado. Ainda segundo o BO, as turistas contaram que “quatro ou cinco homens” as cercaram e que “um dos assaltantes puxou o telefone celular do bolso de uma delas com violência”. O PM diz que foi feita abordagem e revista pessoal e que nenhum objeto roubado foi encontrado com eles. O documento diz que “as vítimas reconheceram sem nenhuma dúvida os três elementos como autores do crime”. 

A TV Globo perguntou à Polícia Civil por que a delegacia não quis ouvir testemunhas, mas não obteve resposta. A emissora também questionou à Polícia Militar sobre o que Marcos contou ao advogado, que foi abordado aleatoriamente, só porque é negro e loiro. A PM disse que os trâmites serão apurados através do inquérito policial instaurado na delegacia. 

Em audiência de custódia realizada nesta quarta-feira, 2, o juiz Antônio Luiz da Fonsêca Lucchese decidiu pela liberdade provisória de Marcos. Ele deve deixar a prisão ainda hoje.

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