O Museu do Samba está com uma nova exposição aberta ao público, e totalmente gratuita. Chamada de “Heróis da Liberdade”, inspirada no samba-enredo da Império Serrano de 1969, o projeto interativo conta com diversas homenagens a importantes nomes do carnaval e das escolas de samba, levando o público em uma imersão no mundo do samba.
A exposição conta a história por trás das instalações expostas – que fizeram parte de sambas-enredo que abordaram a resistência do povo negro em seus versos – e conta também a trajetória das agremiações que se consolidaram como plataformas de luta das comunidades e de combate ao racismo, e das figuras que tornaram isso possível.
O projeto inaugurado na tarde do último sábado (13) contou com o importante ritual de lavagem da escadaria do Museu do Samba com as baianas, para começar. Depois, a abertura deu início com uma roda de samba, que continuou tomando conta do ambiente até anoitecer.
Nomes como Heitor dos Prazeres, Cartola, Dona Ivone Lara, Martinho da Vila, Dona Dodô, Tia Surica e Paulo da Portela estão entre os homenageados. Entre diversas esculturas que compuseram componentes alegóricos e fantasias dos desfiles, o público entra nessa imersão com uma playlist composta por sambas emblemáticos tomando o ambiente.
Para Nilcemar Nogueira, idealizadora do projeto e fundadora do Museu do Samba, a possibilidade de usar a tecnologia na exposição foi essencial para dar o caráter imersivo desejado. “Torna mais atrativo”, diz ela. Além disso, ela reforça a importância de destacar as potências da população preta.
“Mostrar a força e a capacidade criativa do povo negro, da cultura de diáspora africana que une, que diz não a hierarquização, que transborda alegria. Mostrar que o busca da liberdade do povo negro tem sido uma luta dos movimentos sociais e a criação das escolas de samba um ato político de afirmação social”, destaca Nilcemar.
Um mini documentário sobre a história do Brasil contada por meio das escolas de samba e sua relevância, se encontra em uma área separada. Em outras partes do salão, outros rápidos depoimentos sobre cada um dos homenageados e sobre o histórico de lutas raciais que o país já vivenciou.
Quem visitar a exposição pode gravar um vídeo 360° e até vestir um pouco da história, literalmente, já que alguns elementos de figurinos ficam disponíveis para serem usados. De acordo com Nilcemar, o maior objetivo da exposição é colocar em evidência as referências que lutaram, e as que ainda lutam para combater a desigualdade social.
“Fazer conhecer a história não contada. Emoldurar nossos heróis e heroínas que ajudaram a construir nosso patrimônio material e imaterial”, explica.
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Com curadoria de Gringo Cardia e textos de Luiz Antônio Simas, a exposição ficará disponível até dezembro deste ano, funcionando de segunda à sábado, de 10h às 17h no Museu do Samba (Rua Visconde de Niterói, 1296).