Após um ano da morte do garoto João Pedro durante operação policial no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, o Ministério Público Federal (MPF) vai reabrir as investigações. O MPF tinha deixado o caso a cargo do Ministério Público Estadual, depois de constatar que a morte do garoto tinha sido de responsabilidade da polícia civil.
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As investigações do caso estavam sendo feitas de forma independente pelo Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp), porém, em abril deste ano, o grupo foi extinto e as investigações sobre a morte de João Pedro está agora sob supervisão da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada dos Núcleos Niterói e São Gonçalo, voltando para as mãos do MPF.
Segundo o defensor Público Daniel Lozoya, o caso tem uma série de irregularidades graves e que está parado desde outubro. “O caso está paralisado praticamente desde a reconstituição, foi em outubro, e desde então a gente sequer tem o laudo. A gente tem uma série de irregularidades gravíssimas, como a não preservação da cena do crime, destruição de provas, manipulação da cena. A gente tem tido dificuldade de promover o andamento da investigação”, comenta o promotor em entrevista ao portal G1.
Em nota, o Ministério Público espera que as investigações permitam a apuração de todo o ocorrido e conduzam à justiça para todos os envolvidos.
Caso João Pedro
O assassinato de João Pedro Mattos Pinto, com um tiro de fuzil nas costas, aconteceu em 18 de maio de 2020, depois de uma operação policial conjunta entre as polícias Federal e Civil, no Complexo do Salgueiro. O garoto de 14 anos brincava com outras crianças na casa de seu tio, no momento em que a operação policial foi iniciada.
Em outubro do ano passado, uma reprodução simulada do crime foi realizada por peritos e por um especialista contratado pelo MP, na casa onde aconteceu o assassinato. Na época, a Polícia Civil teria que produzir um laudo oficial e a promotoria uma análise independente sobre o ocorrido, porém até o momento nenhuma das duas atividades foram concluídas.
Mesmo após laudos comprovarem que a bala que matou João Pedro tinha vindo do fuzil dos policiais, os envolvidos no assassinato continuam soltos e trabalhando normalmente. Depois da morte de João Pedro, o ministro do Supremo Tribuna Federal proibiu durante a pandemia que operações policiais fossem feitas em comunidades do Rio de Janeiro. A autorização para operação seria dada somente em hipóteses absolutamente excepcionais.