O Ministério Público de Goiás (MPGO) ajuizou uma Ação Civil Pública com pedido de tutela de urgência contra a WePink, empresa de cosméticos fundada pela influenciadora Virgínia Fonseca, por supostas práticas abusivas e irregularidades nas relações de consumo. A ação também inclui os sócios Thiago Stabile e Chaopeng Tan.
Segundo o MP, a marca descumpriu oito artigos do Código de Defesa do Consumidor e teria adotado estratégias de vendas consideradas enganosas, como a comercialização de produtos sem estoque suficiente e o uso de promoções relâmpago para induzir o consumo. O órgão pede a suspensão imediata das lives promocionais da empresa e o pagamento de uma indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos.
Nos últimos 12 meses, a WePink acumulou mais de 94 mil reclamações no site Reclame Aqui e 340 denúncias formais no Procon Goiás, entre 2024 e 2025. Entre as principais queixas estão atrasos nas entregas, produtos com defeito, dificuldades para reembolso e atendimento ineficiente.
O MPGO aponta seis práticas abusivas cometidas pela marca:
- Falta de entrega de produtos:consumidores pagaram por produtos que nunca receberam, mesmo após meses de espera;
- Descumprimento de prazos: atrasos nas entregas, com casos que ultrapassaram sete meses;
- Dificuldade de reembolso: resistência da empresa em devolver valores pagos;
- Atendimento deficiente: o sistema funciona de forma automatizada, mas não resolve os problemas dos consumidores;
- Exclusão de críticas: a empresa removeu comentários negativos sobre a marca nas redes sociais como forma de ocultar as reclamações;
- Produtos com defeito: a Wepink entregou cosméticos estragados e diferentes do anunciado.

Durante uma transmissão ao vivo, o sócio Thiago Stabile admitiu que a WePink enfrentou problemas de abastecimento e que chegou a vender sem estoque suficiente. “A gente tinha 200 mil faturamentos por mês. A gente saltou de 200 mil faturamentos por mês para 400 mil faturamentos por mês. De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido. Algumas vezes, sim, [demora], porque algumas matérias-primas acabam, porque a gente vende muito”, afirmou.
Para o promotor Élvio Vicente da Silva, as declarações configuram má-fé contratual e publicidade enganosa. Segundo ele, a empresa manteve as vendas mesmo ciente de que não conseguiria cumprir o prazo prometido de entrega de 14 dias úteis.
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