Em junho deste ano, o ministro Edson Fachin proibiu operações policiais nas comunidades cariocas
Dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP) revela que o número de pessoas mortas pela polícia caiu 76% depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) impôs algumas restrições às operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro. Segundo o ISP, no ano de 2019, 348 pessoas foram mortas pelos agentes de segurança nos meses de junho e julho, já em 2020, no mesmo período, foram registrados 84 óbitos pelas polícias militar e civil. A redução no número de mortes por policiais se deu justamente após a decisão do STF.
Outro dado relevante na pesquisa é que se for comparado apenas o mês de junho, o percentual é ainda maior. Em 2019, foram 153 mortes nas mãos do Estado e, em 2020, este número caiu para 34, uma diferença de 78%.
Em entrevista ao G1, o professor de sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Daniel Hidrata, ressaltou que a não realização de operações das polícias nas comunidades não resultou em aumento nos índices de criminalidade. “Há um discurso bastante generalizado entre as polícias que as operações são inevitáveis para o controle do crime. Enquanto isso,a gente observa que as operações caíram e os indicadores criminais não subiram. A gente começa a perceber que a preservação da vida não se opõe ao controle do crime”, afirmou.
“Também morre quem atira“
O levantamento do ISP mostrou também que o número de mortes de policiais também caiu, mas em números menores. Entre janeiro e junho deste ano, 11 policiais foram mortos, enquanto no mesmo período de 2019, foram 12 agentes vitimados.
Em junho deste ano, o ministro do STF, Edson Fachin, determinou que as polícias, civil e militar só realizassem operações justificadas e em caráter excepcional. Além disso, em nova determinação, no início de agosto, outras restrições forma impostas, como não utilizar escolas e unidades de saúde como base policial.