Um dos maiores negacionistas da pandemia em África, o presidente da Tanzânia, John Magufuli, morreu em decorrência de uma doença cardíaca, segundo informou a vice-presidente do país, Samia Suluhu, em um pronunciamento na TV, nesta quarta-feira (17). O mistério em torno do desaparecimento do chefe de Estado, de 61 anos, já durava 18 dias, e deu margem a uma série de boatos e comentários, inclusive, de que o líder teria contraído a covid-19, o que não foi confirmado.
John Magufuli era presidente da Tanzânia desde 2015 e se colocava fortemente contrário às medidas de restrição para conter a Covid-19. Ele era conhecido por sua característica autoritária e ganhou destaque como o grande negacionista da pandemia no continente africano. Seu governo resistiu em fornecer dados sobre infecções, expulsou os representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) do país e rejeitou as vacinas. Magufuli chegou a afirmar que a Tanzânia estava protegida da doença por intervenção divina.
Mesmo o líder estando 18 dias fora da cena política do país, as autoridades tanzanianas não demoraram a desmentir que o presidente estaria com a Covid-19. Em um pronunciamento, o primeiro-ministro do país, Kassim Majaliwa, disse que John Magufuli gozava de “boa saúde” e que o presidente “continuava trabalhando duro, como sempre”. A vice-presidenta apelou para que os cidadãos ignorassem os boatos e chegou a dizer: “é bastante normal alguém ter gripe, febre ou alguma outra doença”.
Magufuli foi eleito presidente da Tanzânia pela primeira vez em 2015 apoiado no discurso de combate à corrupção, e reeleito para o cargo em outubro de 2020, com 84% dos votos em meio a denúncias de fraude.