Kely, filha de Pelé, fala sobre racismo enfrentado pelo pai: ‘Lutar contra é um dever de todos nós’

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A morte de Tyre Nichols, norte-americano negro assassinado por policiais nos Estados Unidos, ganha repercussão também no Brasil. Kely Nascimento, filha de Pelé, fez um post nas redes sociais falando sobre o racismo enfrentado por pessoas negras ao redor do mundo. Ela também relatou como o pai teve que lidar com o preconceito durante a vida.

“Meu pai nasceu em 1940, um homem negro no Brasil. A escolha que a vida ofereceu para ele foi: se impor sobre todo o racismo que sofria ou jogar futebol. Isso não era escolha, o amor da viva dele foi o futebol, então ele aturou muito, mas muito mesmo, e aprendeu a abaixar a cabeça e calar a boca e achar que isso fazia parte da vida”, escreveu.

Kely e seu pai, Pelé, falecido em dezembro de 2022 – Foto: Reprodução/Twitter

“Que o racismo que ele sofria fazia parte do preço que ele tinha que pagar por fazer o que ele mais amava e usar o dom que Deus lhe deu”, completa.

No post, Kely explica a tragédia com Tyre Nichols e disse que a situação a fez sentir “desespero exaustão e tristeza profunda”. A filha do Rei do Futebol também fez um apelo para que todos lutem contra o racismo.

“Falar e conversar sobre, e lutar contra o racismo é um dever de todos nós, é um ato de defesa dos direitos humanos”, finalizou.

Veja abaixo o texto de Kely Nascimento na íntegra:

“Eu ia escrever aqui que não aguentei e precisei interromper o meu feed de ‘só pai e só saudades’ para dizer algo sobre oque aconteceu com Tyre Nichols. Mas na verdade eu não estou interrompendo porque racismo seja com Pelé, com Edson ou com Dico, só mudava na sua manifestação e foi uma parte inextricável da vida dele.

Meu pai nasceu em 1940, um homem negro no Brasil. A escolha que a vida ofereceu para ele foi: se impor sobre todo o racismo que sofria ou jogar futebol. Isso não era escolha, o amor da viva dele foi o futebol, então ele aturou muito, mas muito mesmo, e aprendeu a abaixar a cabeça e calar a boca e achar que isso fazia parte da vida. Que o racismo que ele sofria fazia parte do preço que ele tinha que pagar por fazer o que ele mais amava e usar o dom que Deus lhe deu.

Tyre Nichols foi parado em um semáforo por policiais que tiraram ele do carro e espancaram ele com tanta raiva e violência que ele morreu três dias depois.

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Sim, os polícias são negros, sim, isso é racismo! E racismo profundamente integrado dentro da estrutura de toda nossa cultura. Dentro de todos nós. Racismo que tem que ser desmontado por todos nós.

Não vou postar o vídeo porque nem eu consegui assistir tudo, mas é só passar 5 minutos rodado mídia social que acha.

Eu sinto uma tristeza tão profunda, uma exaustão e tanto desespero de continuar a ver isso quase todos os dias. Como que pode um ser humano não saber se vai poder chegar em casa sem ser assassinado pelas pessoas que estão aqui para nos proteger?

O que eu falo para meus filhos?

Eu amo todas essas homenagens que todos estão fazendo para meu pai, mas eu também quero homenagear ele falando sobre o racismo que fez tanta parte da vida dele e de nós todos e continua determinando a vida de maior parte do mundo.

Falar e conversar sobre, e lutar contra o racismo é um dever de todos nós, é um ato de defesa dos direitos humanos”, finaliza a nota.

Jerson Pita

Jerson Pita

Jornalista, marqueteiro, pesquisador e periférico. Cria de Duque de Caxias, escreve sobre entretenimento, sociedade e esportes. No mestrado, pesquisa a autoridade jornalística e a migração da mídia tradicional para o Youtube.

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