O Clube de Caça e Tiro Hunter, em Jataí (GO), promoveu um curso de tiro para crianças menores de 14 anos no início do mês de abril. A empresa divulgou nas redes sociais fotos das crianças segurando armas tipo airsoft e foi bastante criticada pelos internautas.
O curso é chamado “Projeto Hunter Atirador Mirim”. Nas imagens aparecem pelo menos 15 crianças no dia das aulas. O uso da arma de airsoft é permitido para a prática de tiro desportivo, e a venda pode ser feita legalmente a maiores de 18 anos.
As aulas foram suspensas por conta da recomendação da promotora Patrícia Galvão, titular da 7ª Promotoria de Justiça, conforme informou o Ministério Público de Goiás (MP-GO).
A recomendação diz ainda que não seja realizada qualquer atividade prática ou teórica de tiro desportivo, ainda que com arma de pressão ou simulacros em geral, com crianças e adolescentes menores de 14 anos.
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Na última sexta-feira (14), o Clube de Caça e Tiro Hunter se manifestou por meio de nota nas redes sociais informando que devido aos recentes atos criminais, que ocorreram após a realização do projeto, que não possuem ligações entre si, e atendendo a recomendação do Ministério Público, o projeto está suspenso por prazo indeterminado.
Em nota, o clube diz: “Pensando no bem estar de todos os envolvidos no projeto e também seguindo recomendações do MP, todas as postagens do projeto foram retiradas das redes sociais”.
O Clube Hunter informou ainda que repudia qualquer forma de violência e ódio, especialmente aquelas que ocorreram nas escolas, e ressaltou que seu ambiente é seguro e saudável.
Acesso a armas pode incitar violência
Em entrevista à TV Anhanguera, o antropólogo Robson Rodrigues, policial aposentado e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), afirmou que é contra que crianças tenham acesso a esse tipo de equipamento usado no curso. Segundo Robson, o curso pode estimular a cultura da violência, ao invés de incentivar a paz.
“Temos que tomar cuidado com a arma, por mais que se alegue que é defesa, caça ou esporte. O resultado é violento, mesmo o discurso dizendo que não”, alertou.
Robson reforçou ainda que, com o aumento de casos de violência em ambientes escolares, as instituições deveriam se preocupar em promover um comportamento pacificador das crianças.
“Eu sou terminantemente contrário em virtude dos efeitos que essa cultura, ou subcultura, pode acabar produzindo em crianças, jovens e adolescentes que estão em formação. A gente precisa promover no país um outro tipo de cultura de paz, em virtude dos números de violência, que são altos”, disse.