Violência armada faz 140 vítimas em março, em Salvador e RMS, aponta Fogo Cruzado

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O Instituto Fogo Cruzado registrou o número de 140 pessoas baleadas durante o mês de março em Salvador e na Região Metropolitana. Ao todo, foram 136 tiroteios que ocorreram na região e deixaram 110 pessoas mortas e outras 30 feridas. Os dados são do relatório mensal do Instituto.

Neste terceiro relatório mensal de 2023, os dados apontaram que, do total de tiroteios registrados (136), 45 deles ocorreram durante ações e operações policiais que resultaram na morte de 10 pessoas e deixaram 33 feridas. Outros 14 tiroteios ocorreram em meio a disputas entre grupos armados. Nesses casos, seis pessoas foram mortas e 11 ficaram feridas.

Foto: Getty Images

Foram registradas ainda quatro chacinas com 12 mortos no total, e também 10 vítimas de bala “perdida” — três pessoas foram mortas e sete ficaram feridas.

Os homens são maioria entre as vítimas de arma de fogo em Salvador e Região Metropolitana. Neste mês, 122 homens foram baleados: 100 mortos e 22 feridos. Houve o registro de 16 mulheres baleadas, onde dez foram mortas e seis feridas. Não foi possível obter a identificação de gênero de duas pessoas feridas. Do total de vítimas registradas (140), 40 delas eram negras, oito eram brancas e 92 não tiveram a identificação racial informada.

Cinco crianças foram feridas por arma de fogo. Cinco adolescentes foram baleados, onde três foram mortos e dois feridos. Entre os adultos, a violência armada fez 125 vítimas: 104 pessoas foram mortas e 21 ficaram feridas. Cinco idosos foram baleados, onde três foram mortos e dois feridos.  

A alta letalidade das ações policiais na Bahia tem sido registrada pelo Instituto Fogo Cruzado desde que o Instituto iniciou as atividades no território, em julho de 2022. O relatório anual de 2022 apontou para a ocorrência de 172 mortes em decorrência de ações e operações policiais, o que representou 34% dos mortos mapeados em toda Salvador e Região Metropolitana entre julho e dezembro de 2022.

No dia 4 de março deste ano, o Instituto chegou ao marco de 1.000 tiroteios mapeados no território, onde 327 tiroteios foram registrados como episódios que ocorreram durante ações e operações policiais. 

Casos emblemáticos e mudanças nas investigações

Dentre os casos de vítimas em ações e operações policiais registrados neste mês de março, alguns são marcantes, como o tiroteio do dia 3 de março, que atingiu 10 pessoas, após a chegada de policiais a uma festa que ocorria na Rua 24 de Março, no bairro de Tancredo Neves, em Salvador.

Nesta ocasião, três crianças foram feridas. Este é o caso com o maior número de vítimas já registradas em um tiroteio mapeado pelo Instituto Fogo Cruzado, desde que o Instituto iniciou suas atividades na Bahia. 

Neste mês, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou que a Corregedoria da Polícia Militar não pode investigar casos em que a morte seja intencional e provocada pelos próprios policiais. Esta decisão foi publicada no dia 23 de março, a pedido do Ministério Público.

Ainda assim, os policiais militares só poderão ser investigados por mortes violentas, cometidas contra a sociedade civil, se houver um pedido do Ministério Público à Polícia Civil, ou ainda por determinação do secretário de Segurança Pública (SSP-BA) ou pelo delegado-geral da Polícia Civil.

Leia também: Salvador registra 107 tiroteios em novembro, segundo Fogo Cruzado

Para Dudu Ribeiro, cofundador da Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas, organização parceira do Fogo Cruzado na Bahia, e, também, coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, o alto índice de letalidade das operações da polícia da Bahia demonstra uma falha grave no tipo de segurança pública feita no estado.

“O que se destaca desde o início dos trabalhos de Fogo Cruzado na Bahia é a participação expressiva de policiais em episódios de tiroteio em Salvador e na região metropolitana, e a altíssima letalidade dessas operações. Temos um modelo de segurança que privilegia o confronto e a ocupação de territórios em detrimento da proteção à vida das pessoas, e isso tem colocado a população em constante ameaça, afetando também a própria segurança dos agentes envolvidos nestas operações”, relata.

O mapa da violência armada
Salvador: 
96 tiroteios, 73 mortos e 25 feridos
Camaçari: 13 tiroteios, 12 mortos e 1 feridos 
Candeias: 4 tiroteios e 6 mortos 
Dias D’Avila: 11 tiroteios e 10 mortos 
Lauro de Freitas: 4 tiroteios e 3 mortos 
Mata de São João: 4 tiroteios, 2 mortos e  2 feridos
São Sebastião do Passé: 1 tiroteio e 1 morto
Simões Filho: 3 tiroteios, 2 mortos e 2 feridos 

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