O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDCH) divulgou um levantamento com os 100 lugares que conservam a memória negra e africana no Brasil. O mapeamento “Lugares de Memória Negra e Africana no Brasil”, abrange lugares marcados pela resistência e luta da população negra e africana. O material está disponível no site ObservaDH e busca incentivar a visibilidade e reconhecimento desses espaços que foram palcos de momentos chaves da história e cultura negra.
O estudo identificou 100 pontos espalhados por todas as regiões do país, a maior parte se concentra no Nordeste (44), Sudeste (39), Sul (11), Centro-Oeste (3), Norte (1). A Bahia lidera com 23 locais de memórias.

Dentre os lugares mapeados estão: comunidades quilombolas, locais de trabalho, de vida cotidiana e de práticas culturais negras, além de terreiros e igrejas fundadas por irmandades de grupos africanos e locais de revoltas, foram inventariados. O objetivo é fomentar a implementação de políticas públicas nestes espaços, visto que parte deles ainda não são reconhecidos como patrimônio.
Há locais que foram mapeados que são pontos turísticos bastante frequentados e a população desconhece que o lugar carrega uma parte da história da memória negra. A praia de Porto de Galinhas (PE) e o Mercado Modelo (BA) são alguns desses exemplos. O Largo do Pelourinho (BA) onde os africanos escravizados eram castigados, e o Cais do Valongo (RJ) um dos principais ponto de entrada dos africanos escravizados no Brasil e nas Américas estão entre os locais listados.
O projeto foi divulgado alinhado com duas datas importantes; 4 de abril dia que marca a morte de um dos lideres negros mais conhecidos do mundo, Martin Luther King e também o Dia Internacional em Memória as Vitimas da Escravidão e do Comércio Transatlantico de Escravizados, celebrado dia 25 de março.
A questão das datas tem como objetivo estimular a reflexão crítica e a proposição de medidas de reparação para a população afrodescendente.
Para a coordenadora-geral da Memória e Verdade da Escravidão e do Trafico Transatlântico do MDHC, Fernanda Thomaz, a divulgação do material é uma forma de resgatar a memoria e valorização da cultura negra no Brasil.
“Penso que é um momento importante para essa publicação, porque, se a gente pensar o tamanho do apagamento sobre a história, a experiência da população negra desde a escravidão até hoje, é fundamental destacar as contribuições dessa população africana e afrodescendente”, afirma.
O projeto é parte de uma colaboração entre o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania; da Igualdade Racial, da Cultura e da Educação.
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