O médico Márcio Antônio Souza Júnior, que divulgou um vídeo onde um de seus funcionários aparecia com os pés e pulsos acorrentados, responderá a uma ação civil pública (ACP), protocolada pela Defensoria Pública do Estado do Goiás (DPE-GO). O documento protocolado pelo Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal de Goiás (NPJ – UFG) e propõe que seja criado um Memorial do Povo Negro, no município de Goiás, cidade que fica no interior do estado, onde aconteceu o caso.
Foi reivindicado que os bens do médico sejam destinados para a criação do Memorial e outras práticas a serem articuladas pelo espaço, como capacitação profissional para a população negra, oferta de cursos e bolsas de estudos.
A ação foi elaborada pelo Movimento Negro Unificado (MNU), Grupo Mulheres Negras Dandara no Cerrado, pela Associação Anunciando a Consciência Negra com Meninos de Angola e também pela Associação Quilombola Alto Santana, que possui relação com o Núcleo da UFG.
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A proposta ainda recebeu o apoio de organizações de diferentes regiões do país, como do Instituto Braços – Centro de Defesa de Direitos Humanos em Sergipe e pelo Centro de Referência Negra Lélia Gonzales.
Sobre o caso
Em fevereiro deste ano, Márcio Antônio Souza Júnior divulgou um vídeo nas redes sociais em que xingamentos racistas eram diretamente proferidos a um trabalhador negro que atuava como caseiro em sua fazenda.
O vídeo mostra o caseiro com os pés e pulsos acorrentados, além de haver um objeto de ferro em volta do pescoço. Durante a gravação, o médico, que foi indiciado pelo crime de racismo, dizia: “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”.
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Na época, Márcio Antônio, conhecido na região como “médico Marcim”, se pronunciou através das redes sociais e disse que não tinha intenção de atingir a população negra. Ele também chegou a comentar que o ato não passava de uma brincadeira.