Justiça retira vídeo de stand-up do humorista Léo Lins por conteúdo ofensivo

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Na última terça-feira (16), a juíza Gina Fonseca Correa, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinou que o humorista Léo Lins apague um de seus vídeos no YouTube devido a “piadas” com grupos minorizados, acatando um pedido do Ministério Público de São Paulo. O vídeo com 3,3 milhões de visualizações estaria “reproduzindo discursos e posicionamentos que hoje são repudiados”, de acordo com a magistrada.

No vídeo Leo Lins ofende minorias com racismo recreativo, capacitismo, etarismo e perseguição religiosa. A juíza determina que o humorista não publique, transmita, ou mantenha em seus dispositivos arquivos “com conteúdo depreciativo ou humilhante em razão de raça, cor, etnia, religião, cultura, origem, procedência nacional ou regional, orientação sexual ou de gênero, condição de pessoa com deficiência ou idosa, crianças, adolescentes, mulheres, ou qualquer categoria considerada como minoria ou vulnerável”.

Em um vídeo que cricula na internet, o humorista aparece fazendo uma “piada” sobre a escravidão /Foto: Reprodução Instagram

A decisão também determina que Léo Lins compareça mensalmente em juízo para justificar todas as suas atividades. Caso contrário, será aplicada uma multa diária de R$ 10 mil ao humorista. Com a decisão, a defesa de Leo Lins afirmou que irá recorrer. “Entendemos que isso configuraria censura prévia, o que é proibido pela Constituição”, afirmou o advogado Rodrigo Barrouin ao jornal Gazeta do Povo.

Humoristas famosos como Antonio Tabet e Fábio Porchat saíram em defesa do colega de profissão e se mostraram contrários a decisão. Tabet acredita que houve censura da justiça no caso.

“Um absurdo! Não cabe à Justiça – e nem a ninguém – aprovar ou censurar piadas alheias. Pode-se gostar, detestar ou criticar a comédia ou o comediante, mas piadas são só piadas. Piadas não matam mais que dramas, jornalismo, publicidade ou a realidade”, disse Antonio Tabet em uma publicação.

Já Fábio Porchat mostrou indignação com a decisão. “Isso aqui é uma vergonha! Inaceitável!”, escreveu o humorista em uma rede social, e bastante criticado em seguida, na internet.

Em entrevista exclusiva ao Notícia Preta o historiador Derê Gomes, que também é pesquisador do Programa Desenvolvimento e Educação Theotônio dos Santos (UERJ) e Diretor da Federação de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (FAFERJ), discordou dos humoristas e da defesa de Leo Lins.

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Perguntado se houve censura na punição, o historiador respondeu que o conceito de censura precisa ser levado a sério, e que foi usado ao longo da história em momentos tensos do Brasil.

“Não houve censura, houve responsabilização. Veja, nós tivemos 21 anos de Ditadura Civil-Militar no Brasil, um dos piores períodos da nossa história política, em que existia censura, inclusive prévia, para artistas de todo tipo. Censura é coisa séria, é algo que abominamos e lutamos contra diariamente e repudiamos quem tenta usar esse expediente de forma instrumentalizada para defender crimes de ódio travestidos de humor”, disse Derê Gomes.

O historiador afirmou que acredita que esse movimento de defesa por parte de outros humoristas acontece por medo. “Estes humoristas saem em defesa do Léo Lins por um sentimento corporativista e por acharem que eles podem ser as próximas vítimas dessa suposta censura, que é a forma que eles enxergam esse processo de responsabilização”.

O historiador completou falando sobre liberdade de expressão, e sua importância e seus limites.

“Para eles liberdade de expressão significa poder falar o que quiser de maneira irrestrita. Tudo bem, eu posso até concordar com essa caracterização, mas ela está incompleta. Liberdade de expressão significa que qualquer um pode falar o que quiser, mas também significa ser responsabilizado por aquilo que é dito, especialmente se a piada ultrapassa os limites do humor e até de uma ofensa e descamba para crimes como racismo, por exemplo”, finaliza.

Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

1 Reply to “Justiça retira vídeo de stand-up do humorista Léo Lins por conteúdo ofensivo”

  1. Leonardo Lins Calado de Souza disse:

    hahahaha que matéria bisonha! Padrão desse jornalismo mequetrefe da atualidade! A receita é sempre a mesma: Insinua-se uma desaprovação popular como o “bastante criticado em seguida na internet” e em seguida a opinião de um “conceituado” especialista que coincidentemente, reforça o tom da matéria! hahahahaha Que sinismo! ( PS: não me censure por favor! ;P

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