A 13ª edição da Marcha Estadual Contra o Extermínio da Juventude Negra marcou esta sexta-feira (20) em Vitória, Espírito Santo. A caminhada, que sempre acontece no Dia da Consciência Negra, neste ano teve um novo formato devido à pandemia do coronavírus. Além de levantar denúncias e reivindicações dos jovens, o ato simbólico promoveu intervenções culturais e apresentações.
Com o tema “Existo corpo, resisto preto: contra o extermínio e encarceramento da juventude negra”, o ato foi organizado pelo Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), mas contou com a participação de outras entidades do Movimento Negro e de Direitos Humanos em frente ao Palácio Anchieta, onde está sediado o governo do Estado. “Hoje é um dia simbólico, infelizmente não temos nada para comemorar mas sim para refletir e amadurecer nossa luta antirracista. O ato foi uma forma de demarcar que a juventude está nas ruas dizendo que quer viver” explica Ramon Matheus, diretor do Fejunes.
A Marcha Contra o Extermínio da Juventude Negra é uma das principais atividades anuais do Fejunes, e adquire uma importância social para o Espírito Santo por ser um dos estados que costuma estar entre os que mais registram assassinatos de jovens, especialmente os negros, no Brasil. De acordo com os dados do Atlas da Violência 2020, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de vítimas de assassinatos com idades entre 15 e 29 anos no Estado é de 62,8% para cada 100 mil habitantes. O índice é maior que o nacional, que está em 60,4%. Quando se fala de vítimas negras, a situação é ainda pior. O índice de mortes de negros (39,1%) é quatro vezes maior que o número de não negros (8,7%). “Os dados precisam ser encarados e ter um olhar atento do poder público. Falta vontade de trazê-los para o centro de discussão. O Estado precisa voltar suas ações sobretudo para o desenvolvimento social da juventude negra para que ela não mais lidere esses tipos de dados. Os movimentos sociais têm discutido essa questão constantemente. Temos alternativas, programas e projetos a serem apresentados ao poder público, mas falta abertura para o diálogo”, conclui Ramon.