Jhonnatan Silva Barbosa será levado a júri popular pelo crime de tentativa de homicídio triplamente qualificado por ter agredido Gabriel da Silva Nascimento em dezembro de 2021, em Açailândia, no Maranhão. A decisão foi tomada pelo Tribunal de Justiça do Maranhão e tornada pública nesta quinta-feira (27).
Gabriel foi agredido por Jhonnatan e Ana Paula Costa Vidal quando o casal, que mora no mesmo prédio do jovem, encontrou a vítima dentro do próprio carro em frente ao prédio onde os três moravam. O casal então acusou Gabriel de roubo e iniciaram diversas agressões contra o jovem chegando a asfixiá-lo.
A dinâmica da ação foi citada na decisão judicial pela acusação de tentativa de homicídio. “Depreende-se da leitura dos autos, com atenção especial aos depoimentos dos réus e das testemunhas ouvidas em juízo, que o acusado agrediu a vítima de forma gratuita pelo simples fato de acreditar que ela estava tentando furtar um veículo”, diz a decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA).
Em outro trecho que justifica a escolha pelo júri popular ainda pode-se ler a ressalva que considera a conduta “inadmissível”. “Se considerar que mesmo que a vítima realmente estivesse tentando furtar o veículo, o qual frise-se, era de sua propriedade, não cabe ao cidadão comum o direito de fazer justiça com as próprias mãos, uma vez que tal incumbência do Estado”, afirma a decisão do TJ-MA.
Violência e pisões no pescoço
Imagens de câmeras de segurança registraram as agressões que mostram o momento em que o casal ordena que Gabriel saia do carro. Gabriel, então, sai do veículo e coloca as mãos para cima, em sinal de rendição. Mesmo assim ele é agredido com socos e chutes. Em um momento, Jhonnatan chega a pisar o pescoço do jovem.
“Eu quero que aconteça a justiça. É revoltante uma situação dessa, por achar que, por ser magro, negro, não poderia ter um carro. Quero que haja justiça porque isso não pode acontecer com as pessoas. Se fecharmos os olhos, pode acontecer até pior até com um familiar nosso. Isso é racismo. É crime”, declarou Gabriel na época do crime em entrevista ao Fantástico.
Como a mulher tentou, depois de algum tempo, fazer com que as agressões parassem ela não deve responder por tentativa de homicídio, mas por lesão corporal com agravante de motivo torpe, neste caso o racismo.