“Início de algo muito maior”, diz Thais Bernardes sobre a Escola de Comunicação Antirracista

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Durante o ano de 2023, a jornalista e CEO do Notícia Preta lançou a Escola de Comunicação Antirracista, pensada em promover a educação para pessoas negras e não negras, como ferramenta de combate ao racismo. A escola é online, e já conta com seis cursos que vão desde Comunicação Antirracista, ministrado pela própria Thais, até o curso de História da Imprensa Negra no Brasil.

Refletindo sobre a escola que “nasceu” este ano, e que continuará no próximo, com o mesmo propósito de transformação social, Thais conta que ainda há muito para ser feito. “A gente sabe que tem uma boa parcela da população que não te acesso à internet, então esse é o início de algo muito maior. Éssa é uma gotinha no ocenao, mas a gente precisa construir muito mais a cada dia“, diz Thais.

Jornalista, CEO e fundadora do Notícia Preta, e da Escola de Comunicação Antirracista /Foto: Notícia Preta

Thais, que desde o início do jornal já trabalhava com um sistema que trabalhava o ensino para o desenvolvimento do trabalho jornalístico, conta por qual motivo decidiu criar a escola no formato atual.

Eu sempre entendi o jornalismo como uma ferramenta de transformação social, através da educação. O jornalismo é uma ferramenta educacional. Então criar uma escola de comunicação antirracista, eu vi como a forma para a gente ter, de fato, pessoas que não reproduzissem mais o racismo, através do jornalismo. Mas ela não se restringe somente ao jornalismo, e para ser aberto para todo mundo tem que ser gratuito“, conta Thais, que afirma ter percebido essa necessidade do mercado.

Desde o lançamento dos primeiros cursos, a escola está aumentando seu número de alunos. Atualmente são pouco mais de 2 mil alunos participando dos seguintes cursos: Comunicação Antirracista, Semiótica e Antirracismo, Marketing Digital, Assessoria de Imprensa, História da Imprensa Negra no Brasil e Comunicação Institucional.

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Para garantir o sucesso do trabalho, Thais ressalta a importância de incentivo. “O primeiro passo é conseguir apoiadores. É muito importante a gente falar de dinheiro, ainda mais porque a pauta antirracista também é sobretudo econômica e política, então a gente precisa de novos parceiros e apoiadores que invistam na escola. Espero que em 2024 a gente tenha cada vez mais parceiros para ter mais cursos online e também presenciais“, diz a jornalista.

O professor do curso de História da Imprensa Negra no Brasil Alcino Amaral é Mestre em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e destaca como se sente em fazer parte do projeto. “Eu me sinto muito feliz em fazer parte de uma iniciativa como a Escola de Comunicação Antirracista. Eu acredito que qualquer iniciativa que possa ampliar redes de saberes, que possibilite espaços de troca, são iniciativas oportunas, ainda mais voltado para o nosso público preto”, explica Alcino, que continua:

“Eu me sinto honrado de participar dessa rede e de usar minha formação, meus conhecimentos dentro da minha área de pesquisa para impactar na realidade de outras pessoas, com uma responsabilidade muito grande“, diz o professor, que também afirma que uma escola como essa representa um resgate de direitos especialmente para a comunidade negra.

A educação é uma ferramenta de agência política. Então pensar a gente enquanto corpo preto, que historicamente teve esses espaços formais de educação negados, iniciativas como essa são o contraponto a esse projeto, que mesmo no tempo presente, vai se reinventando. Eu vejo que ela representa uma potência muito grande, e a Escola de Comunicação Antirracista representa algo muito grandioso“, diz Alcino.

Assim que foi lançada em agosto deste ano, jornalistas e comunicadores também Embaixadores do Notícia Preta, destacaram a importância do trabalho pioneiro desenvolvido pela escola. “A escola de comunicação é a coisa mais fiel à realidade brasileira, porque a gente é maioria no país, e a gente tem que ser maioria na comunicação também e passar adiante. A escola muda não só a forma da gente se comunicar, mas de enxergar o futuro“, diz o jornalista Marcos Luca Valentim.

Já o jornalista e dramaturgo Adalbert Neto destaca o papel da escola. “Essa escola antirracista é pra ensinar, é pra tirar todo esse preconceito, todo esse olhar enviesado com um viés ruim que a mídia tradicional ensinou pra gente”, afirma.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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