A inadimplência voltou a crescer no Brasil e já atinge quase 72 milhões de pessoas, o equivalente a 43% da população adulta. Os dados são do Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas, divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Em setembro de 2025, o número de consumidores negativados aumentou 8,91% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar da alta, o ritmo de crescimento desacelerou em comparação a agosto, quando a variação mensal havia sido mais intensa.
O levantamento mostra que a maioria dos inadimplentes está na faixa dos 30 a 39 anos, que concentra 23,56% dos casos. A divisão por gênero é equilibrada: 51,18% são mulheres e 48,82% homens.
Regionalmente, o Centro-Oeste lidera o aumento da inadimplência, com alta de 8,16%, seguido pelas regiões Norte (7,99%), Nordeste (7,59%), Sudeste (7,54%) e Sul (7,36%).
Cada consumidor negativado possui, em média, 2,22 dívidas, somando R$ 4.801,45. Os débitos de até R$ 500 representam 30,55% do total, e 44% das dívidas não ultrapassam R$ 1.000, o que revela a predominância de valores baixos, mas reincidentes.
Segundo o presidente da CNDL, José César da Costa, o país vive um cenário de inadimplência estrutural, marcado por dívidas pequenas e recorrentes, além de recuperação lenta. Ele alerta que sem políticas públicas e incentivo à educação financeira, o sistema de crédito continuará caro e excludente.
Já o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Júnior, destaca a influência das redes sociais e aplicativos de compras no aumento do consumo impulsivo. Para ele, reduzir o tempo de exposição a esses estímulos é uma estratégia essencial para conter o endividamento.
As instituições financeiras seguem como principais credoras, concentrando 66% das dívidas, à frente dos setores de água e luz (10%) e comércio (9%).
