Após mais de 6 meses preso, o auxiliar de farmácia André Arcanjo, de 42 anos, foi inocentado da acusação de participar de um latrocínio – roubo seguido de morte. A decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) foi tomada, segundo nota divulgada na última terça-feira (04), após constatarem “a incerteza para condenação dos acusados diante da ausência de provas suficientes”.
O crime em questão aconteceu em julho de 2021, quando o vizinho de André, o idoso Edvaldo Oliveira Carvalho, foi morto dentro da casa onde morava, em Recife. Ao Portal G1 André disse que acredita que sua prisão foi motivada por ser negro.
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“Fui acusado sem prova alguma – e eu tinha estado lá, no assalto, com uma arma apontada para a minha cabeça. Foi doloroso demais, porque me senti mais uma vez discriminado. Acredito até pelo meu tom de pele, por ser negro”, diz.
Na época, o auxiliar de farmácia chegou a ser ouvido como testemunha e depois se tornou um suspeito quando a polícia acreditou que André teria facilitado a entrada dos criminosos na casa. Mas a afirmação feita por André sobre a ausência de provas diz respeito às testemunhas ouvidas ao longo do processo que confirmaram sua inocência. Uma das testemunhas, um pedreiro que estava trabalhando na casa, negou a versão do inquérito policial, afirmando que abriu a grade para André entrar.
No dia do crime ele havia sido chamado pelo idoso, dono da casa, para almoçar, e quando chegou, também foi surpreendido pelos invasores. Ainda em entrevista ao G1, André afirmou que estava descansando em casa antes do ocorrido. Apesar de aliviado com a decisão do TJPE, ele voltou a reforçar o motivo pelo qual acredita ter virado suspeito.
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“O preconceito está tão enraizado e estruturado inconscientemente que, se você vê um negro mal vestido, já deduz perigo. Essa é a imagem que se passa. Estava em casa, de bermuda, bem à vontade, cabelo assanhado [antes de ir à casa da vítima]. Quem olha para um negro assim, já olha desconfiado”, contou.
Entre 2021 e 2022, o auxiliar de farmácia ficou no Centro de Triagem e Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), no Grande Recife. Segundo ele, os momentos na prisão foram muito desafiadores. “Foi muito difícil. Minha família lutando por mim e o dia lá é interminável. O tempo na prisão é diferente do tempo fora dela. Você vive da ansiedade de que algo o tire daquele sufoco”, relatou.