O Fórum Permanente pela Igualdade Racial (Fopir) lançou, na ultima quarta-feira (05) um e-book com um Mapeamento da Mídia Negra no Brasil. O documento é um esforço coletivo, elaborado pela coordenação de comunicação do Fórum, após o seminário Genocídios Contemporâneos: Reagir é Preciso, realizado em Belo Horizonte, em outubro de 2019.
De acordo com Thais Bernardes, editora-chefe e fundadora do portal Notícia Preta, tanto o encontro quanto o mapeamento vem reforçar a importância da mídia negra para a construção social antirracista. “Nossa luta antirracista passa fundamentalmente pela mídia. É ela quem reforça estereótipos sociais, que coloca a periferia no centro do crime organizado, por exemplo, e sabemos que nem sempre ouvem outro lado, nosso lado, o lado de cá”, relatou.
O lançamento da pesquisa foi realizado no evento Quartas Antirracistas, que, desta vez, foi de forma on line, respeitando as regras de isolamento social e o tema foi Mídia Negra no Brasil – Implodindo Imaginários que contou com as presenças de Naiara Leite, coordenadora de Comunicação do Odara Instituto da Mulher Negra e integrante da comunicação do Fopir; Alane Reis, editora-chefe da Revista Afirmativa; e Larissa Santiago, coordenadora dos espaços virtuais e offline junto com as Blogueiras Negras.
Mídia Negra em números
Segundo o Fórum, o levantamento foi aberto ao público e realizado somente de forma on line. Ao todo, houve 65 respondentes que se identificam com a perspectiva da mídia negra ou com uma produção ancorada na luta contra o racismo e desigualdade no Brasil. Portanto, foram consideradas todas as respostas neste mapeamento.
Das mídias negras mapeadas, o primeiro registro data-se de 1965 e houve um pico de criação de veículos de comunicação no ano de 2018, com a fundação de 15 organizações. O sudeste concentra a maioria das sedes dos veículos de imprensa, com 44,6% destes, seguido pela região nordeste, com 35,4%.
Participação das mulheres
A maioria dos veículos de comunicação ainda são de formação mista (46%), mas, cada vez mais, as mulheres têm tomado o protagonismo na luta antirracista e contra todos os tipos de opressão. Segundo o levantamento, 31% dos veículos de comunicação pesquisados são produzidos somente por mulheres e 23% deles, somente por homens.
Para Thais Bernardes, estes números mostram a força e o quanto a mulher negra vem abraçando as causas sociais. “A mulher preta sempre esteve à frente das lutas de classe, sociais e raciais, porém, agora, temos mais espaço e estamos acreditando mais em nós e nas lutas que travamos por séculos e que foram invisibilizadas. Estamos ocupando um espaço que é nosso por direito”, afirmou.
Manifesto da Mídia Negra
No evento, realizado em Belo Horizonte, foi redigido o Manifesto da Mídia Negra Brasileira, assinado por 32 veículos de mídia que ressaltam a importância da união entre os diversos movimentos negros, antirracistas. O documento ressalta que a mídia negra é responsável pela democratização da comunicação no Brasil. “Somos nós xs precursorxs, teoria e prática da Democratização da Comunicação no Brasil. Hoje somos ainda mais diversxs nos formatos, linguagens, políticas editoriais e territórios de atuação”, afirma o Manifesto.
Sobre o Fopir
O Fórum Permanente pela Igualdade Racial – FOPIR é uma coalização de organizações antirracistas que visa desenvolver estratégias e ações de diagnóstico, mobilização, comunicação e incidência política, capazes de deflagrar um debate amplo e democrático em prol do enfrentamento do racismo e na defesa das políticas de promoção da igualdade racial e de gênero. Para conhecer todo o Mapeamento, clique AQUI