Família diz que jardineiro preso por roubo foi confundido com o irmão

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Wilton Oliveira está preso há mais de 1 mês acusado de roubar uma motocicleta, mas a família e a defesa afirmam ter provas de sua inocência

Wilton Costa é estudante da licenciatura de Educação Física. Foto: Reprodução/Twitter

A vida de Wilton Oliveira da Costa, de 32 anos, mudou no dia 12 de maio deste ano, o jardineiro com residência fixa e cursando o quinto semestre de Educação Física, foi preso acusado de envolvimento no assalto de uma motocicleta no Rio de Janeiro, em 25 de janeiro de 2018. A família de Wilton e o advogado que defende o caso apontam que há evidências de sua inocência. A defesa ainda aponta que Wilton foi acusado em sete processos, registrados na 19ª Delegacia de Policia Civil do Rio de Janeiro, onde em todos os inquéritos houve identificação por fotografia.

O rapaz foi preso em seu local de trabalho, no Hospital Federal do Andaraí, onde já trabalha há mais de 8 anos. Wilton Costa, conhecido como Sinha pelos amigos, é casado com Marcele Oliveira, de 30 anos, com quem mantém um relacionamento de 13 anos e possui uma filha de 5 anos. Em entrevista ao Notícia Preta Marcele afirma que seu companheiro tanto é inocente, como tem um irmão que pode ser o pivô das acusações.

“O Wilton tem um irmão que faleceu agora, em fevereiro de 2020. O nome dele é Wiliam Oliveira da Costa. E essa é a única explicação que a gente está achando mais plausível, porque é de estarem confundindo Wilton com o irmão dele. […]Eles têm a mesma estatura, o mesmo corpo, mesmo tom de pele e assim, não sei se estão confundindo. Conseguem confundir um nome, uma cor, porque todo preto se parece e ele não pode ser julgado pelos atos que irmão dele cometia. A gente jamais imaginou que algum dia poderia prejudicar o Wilton de alguma forma. O irmão dele já foi preso por diversas vezes e assim, o irmão dele indo por um caminho e Wilton na direção totalmente oposta. Ele está pagando por algo que não fez e o irmão dele está morto”, diz Marcele.

Wilton Costa e Marcele Oliveira. Foto: Reprodução/Facebook

Marcele Oliveira ainda afirma que conseguiu através de um celular identificar o histórico de localização de Wilton e é possível saber que ele não estava na cena do crime.

“A gente sabe que tem o registro da folha de ponto dele, a empresa disse que só daria na justiça. Ele sempre foi muito meu parceiro e conseguimos olhar no celular dele os locais que ele passou e temos isso também. Ele mora em favela, mas não é porque mora que tem vida dupla ou é conivente. A gente luta dia a dia para melhorar e crescer, aprender, estudar. A gente sai de manhã para trabalhar, ele vai para a faculdade e eu para meu curso e chegamos já tarde para pegar nossa filha, sabe? E você é pego de surpresa que muda toda a sua vida. Ele está lá preso em prisão preventiva”, desabafa a esposa do jardineiro.

Dr. Reinaldo Máximo, criminalista que defende Wilton Oliveira Costa, solicitou um habeas corpus para que o jardineiro possa responder a acusação em liberdade. Mas, confirma a ausência de provas que configurem a materialidade do crime por Wilton Costa. Em entrevista ao Notícia Preta o defensor fala sobre o processo.

“A questão das provas vão ser discutidas quando houver o julgamento do mérito, esse processo está apenas começando. Houve um processo que veio de uma delegacia, onde o delegado diz que no dia tal, na hora tal a testemunha esteve na delegacia para fazer o registro de ocorrência e foi mostrada a ela álbuns de fotografias e ela indicou Wilton como sendo o roubador daquele episódio. Isso em um processo e os outros foram na mesma modalidade. Agora, a questão de provas foi como eu falei para você. Não existem provas concretas contra Wilton. Existe uma acusação de reconhecimento por fotografia e reconhecimento por fotografia todos nós sabemos, principalmente os criminalistas, que é passível de erros e erros gritantes”, aponta o advogado.

Wilton Oliveira Costa possui sete acusações de crimes, sendo que em uma das acusações se declarou inocente, compareceu as audiências e foi absolvido pela promotoria por falta de provas. No entanto, mais seis acusações apontam Wilton como o possível envolvido no crime, sendo todas com reconhecimento através de fotografia.

“Nos seis processos em apenas um ele foi encontrado e intimado para responder o processo. Ele nunca mudou de endereço, ele nunca mudou de trabalho”, informa o Dr. Reinaldo Máximo. Ao ser questionado qual delegacia Wilton Costa foi identificado pelos crimes o advogado aponta a 19ª delegacia da Policia Civil, do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Os inquéritos em que Wilton Costa é citado

Diante de tudo isso, Marcele se preocupa com a saúde do companheiro que tem bronquite e está mais vulnerável ao novo coronavírus. O jardineiro está no Presídio Ary Franco, em Água Santa. Além de relatar como está sendo difícil ver a sua filha sofrer em silêncio longe do pai, mesmo sem saber de sua prisão.

“Ela ouviu o nome dele [a filha do casal ouviu o nome do pai] e começou a chorar ontem. Eu expliquei para ela que ele foi viajar a trabalho, que volta logo. Eu pego minha filha de 5 anos mordendo unha, com hábitos que ela não tinha. Eu estou sentindo ela ansiosa, uma criança de 5 anos, sabe?”, relata Marcele com a voz embargada.

Marcele Oliveira também se preocupa com as aulas de Wilton, que estaria na semana de provas agora. E sonha em poder casar oficialmente e ter uma vida em paz com seu companheiro.

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