Estudo revela que polícia mata apenas pessoas negras em Recife (PE), pelo segundo ano seguido

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Segundo o levantamento da Rede de Observatório da Segurança, divulgados nesta quinta-feira (16), um projeto feito pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) aponta que todas as vítimas de violência policial em Recife, capital de Pernambuco, são pessoas negras. O mesmo foi registrado em 2021, quando 96,2% das vítimas de policiais eram negras.

O estudo também aponta que das 91 mortes registradas em 2022, o número de negros alvo das operações policiais no estado, foi de 89,66%. Conforme indica o boletim “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, produzido anualmente, o estado apresenta uma porcentagem de negros vítimas da violência policial, acima da média nacional.  

Os altos números representam uma disparidade com relação a população autodeclarada negra do estado. Conforme mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2023, 65,09% da população pernambucana se identifica como negra.

O estudo mostra o perfil de pessoas mortas pelos policiais no estado de Pernambuco /Foto: Pexels

Segundo a coordenadora estadual do Observatório de Segurança e do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá as mortes são reflexo do racismo estrutural.

“O racismo estrutural surge em diversos outros campos da sociedade e a polícia não é refratária a esse comportamento racista que fica explícito ao longo dos anos na sociedade. O que incomoda muito é porque a gente não observa nenhum mecanismo que busque mudar o sinal desse racismo”, disse em entrevista ao g1.

Nesta edição, além de Pernambuco, foram analisado os números e registros de Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo. Edna Jatobá continua, falando sobre os jovens que são os mais atingidos pela violência.

É perceptível o quanto a violência toma uma nova forma ao chegar na juventude. Marginalizados e sem direitos e acessos básicos, corpos negros nas periferias são alvos de execuções brutais pela polícia, tendo o racismo como motor para esses eventos de violência”, afirmou Jatobá.

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