Entregador Max Ângelo, agredido com chicotadas no Rio, será João Cândido na Sapucaí

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O entregador Max Ângelo dos Santos, que foi agredido com chicotadas por uma coleira de cachorro em 2023, por uma mulher na Zona Sul do Rio, vai representar o almirante negro João Cândido no carnaval deste ano. O convite para representar o líder da revolta da chibata na Sapucaí foi feito pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, que desfila na segunda-feira (12) de carnaval.

“Esse convite foi uma surpresa imensa. Eu nunca desfilei antes por escola nenhuma. Fui conhecer o barracão do Tuiuti e lá eles me contaram a história do João Cândido. E eu fiquei super feliz de saber que ia representar um herói nacional, que ainda não tem muito reconhecimento”, disse Max em entrevista para a Agência Brasil.

O caso de agressão contra o entregador aconteceu em abril do ano passado, quando Sandra Mathias Correia de Sá foi flagrada agredindo Ângelo com uma coleira de cachorro. A professora e ex-jogadora de vôlei também mordeu uma entregadora, e bateu em outros dois trabalhadores.

Max Ângelo, entregador que viverá João Cândido na Sapucaí no carnaval deste ano /Foto: Divulgação – Paraíso Tuiuti

Para Max a dor vai além da física, e conta que se identifica com a história do almirante. “Só quem passa por esse tipo de violência sabe como é. Tem a dor física, mas a dor mental é muito pior. Acho que tem tudo a ver a história do João Cândido com outras histórias atuais e a minha. E o enredo fala muito disso”. 

A escola de samba lamentou o episódio que aconteceu com o entregador, mas comemorou a participação dele no desfile deste ano. “O (triste e revoltante) caso do Max Ângelo nos faz repensar todo dia sobre o racismo. Heroicamente, ele é mais um resistente contra essa parcela da sociedade que ainda insiste em castigar os seus. Seja bem-vindo, Max! Na Avenida do Tuiuti, você será o nosso herói!“, escreveu nas redes sociais.

Segundo o Max Ângelo, é revoltante que questões como essas continuem em pleno século 21.“Imagina tomar uma chicotada como se tivesse voltado lá atrás na época dos ancestrais, quando você era açoitado apenas por olhar para o senhor da fazenda. E, um ano depois, eu ainda sinto aquilo e não desejo para ninguém. É a pior coisa do mundo. É mais fácil levar um soco no rosto do que ser açoitado como se você fosse um escravo”, disse ele.

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