Um estudo da revista Nature Human Behavior revelou que que casais têm maior tendência a compartilhar transtornos psiquiátricos (depressão, ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia, entre outros) apresentando correlações superiores às que ocorrem por semelhanças físicas ou de personalidade.
A pesquisa, publicada analisou dados de quase 15 milhões de pessoas em países como Taiwan, Dinamarca e Suécia e constatou que cônjuges não apenas possuem uma prevalência elevada de distúrbios mentais, mas muitas vezes o mesmo diagnóstico.

Esse padrão, identificado como ‘assortative mating‘ (ou acasalamento por semelhança), pode estar relacionado à empatia gerada por experiências compartilhadas, à convergência de comportamentos ao longo do relacionamento ou à limitação nas opções de parceiros devido ao estigma associado à doença mental.
Há complicações caso o casal futuramente resolva ter filhos. O estudo mostra que crianças podem desenvolver alguma dessas doenças tendo os dois pais afetados.
Impacto dos transtornos psiquiátricos na população negra e acesso ao tratamento
A saúde mental da população negra no Brasil enfrenta desafios agravados pela desigualdade racial e acesso limitado ao tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, adolescentes e jovens negros têm 45% mais risco de suicídio em comparação aos brancos, especialmente entre os homens. Essa vulnerabilidade está associada ao racismo estrutural, pobreza e estresse crônico.
Além disso, dados indicam que aproximadamente 65% das internações psiquiátricas no país envolvem pessoas negras, embora representem um pouco mais da metade da população. O acesso a tratamentos como psicoterapia também é desigual: só cerca de 25% dos pacientes negros em tratamento por transtornos mentais relatam acesso regular à psicoterapia.
A oferta de serviços de saúde mental segue concentrada em regiões mais brancas e economicamente favorecidas: no Sul, há 48 profissionais de saúde mental por 100 mil habitantes, contra apenas 17,6 no Norte e 24,8 no Nordeste, segundo o Futuro da Saúde.
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