‘Não tenho culpa se seu pai é motoboy’: estudantes de medicina entoam ‘grito de guerra’ classista

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“Eu sou playboy! Não tenho culpa se seu pai é motoboy”, esse é o grito de guerra’ que os estudantes do curso de medicina da UNIG (Universidade Iguaçu), do Rio de Janeiro entoaram neste último final de semana, durante os Jogos Universitários de Medicina (Intermed) RJ-ES. O evento reuniu estudantes do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, em Vassouras (RJ). O vídeo ganhou repercussão nas redes sociais e recebeu diversas criticas.

Medicina é a graduação com menor inclusão de negros no Brasil. Em 2018, os negros correspondiam a 24,6% dos matriculados no curso; no ensino superior como um todo, eles eram 35,7%, segundo do levantamento do Quero Bolsa, plataforma que oferece bolsas de estudos.

O município onde a UNIG está localizada, Nova Iguaçu, está na 43ª posição entre as cidades do Estado do Rio de Janeiro com um dos piores índices de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), segundo a ONU.

Os gritos classistas dos estudantes da UNIG, que é uma universidade particular, eram direcionados aos estudantes de universidades públicas.

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Essa não é a primeira vez que ocorre um caso de preconceito no Intermed. Em 2017, um aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) afirmou ter sido vítima de racismo durante uma partida de vôlei contra a Pontifica Universidade Católica de Sorocaba e Campinas.

Sobre os gritos classistas de seus alunos a UNIG afirma que “repudia veementemente qualquer tipo de discriminação, inclusive por classe social ou condição financeira” e que “adotará todas as providências possíveis para que episódios similares não se repitam”. Confira abaixo a nota, na íntegra:

“À luz dos acontecimentos ocorridos em Vassouras/RJ no dia 07/10, a UNIG esclarece que é contra e repudia veementemente qualquer tipo de discriminação, inclusive por classe social ou condição financeira, e que lamenta profundamente o episódio. A intolerância, em qualquer de suas modalidades, só se presta a dividir ainda mais nossa sociedade, que, mais do que nunca, precisa de respeito, integração e união. A UNIG esclarece, ainda, que não tem ingerência sobre frases ditas por seus alunos, principalmente em ambiente externo – não conseguindo, portanto, evitá-las -, mas que, diante dos fatos e das disposições de seu código de ética e conduta, adotará todas as providências possíveis para que episódios similares não se repitam, pois, contrários aos princípios pregados pela universidade.”

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