Fundado em 1736, o Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê, em Cachoeira, no recôncavo baiano, corre risco de perder parte de suas terras para uma empresa de papel e celulose.
No dia 28 de fevereiro,o Babalorixá Antônio dos Santos da Silva, conhecido como Pai Duda, e outros membros da Casa foram surpreendidos por funcionários da empresa Penha Papel e Celulose que, sem nenhum aviso prévio, deram início a uma demarcação em seu terreno sob a justificativa que aquela propriedade pertencia a empresa. Segundo informações, um segurança da empresa e mais três homens armados teriam invadido o terreno e ameaçado o Babalorixá. Acompanhado de seus filhos de Santo, como são popularmente conhecidas as pessoas iniciadas no Candomblé ou demais religiões de matriz africana, Pai Duda denunciou o Caso ao Ministério Público.
A escritura que assegura que o Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê é dono das terras data de 1913, quando foi adquirido por Mãe Judite. Desde então, há 120 anos, a Casa desenvolve suas atividades religiosas em respeito a Xangô Aganjú, bem como, outras atividades que fortalecem o povo de santo e a cultura de descendência africana no Brasil. Conforme o decreto estadual 15.675, publicado em 20 de novembro de 2014, o terreiro é reconhecido como Patrimônio Imaterial do Estado da Bahia e protegido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Atualmente está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Na última quinta-feira (07), foi realizada a primeira audiência no MP onde a empresa Penha Papel e Celulose apresentou uma escritura de 2005, alegando ter arrematado as terras onde hoje está localizado o terreiro, em um leilão da justiça. Para alguns filhos de Santo de Pai Duda a tentativa de retirada de parte do terreno é um nítido processo de grilagem de terra: “Na roça tem muito bambu, plantação de árvores sagradas e nossos assentamentos (locais onde são colocados alguns elementos sagrados). Estamos lá há mais de um século e agora essa empresa vem dizer que a extensão de Cachoeira pertence a eles. Além de nós, estão nessa área mais nove terreiros e comunidades quilombolas e ribeirinhas. Isso é um risco não só para o terreiro mas para o patrimônio histórico da comunidade”, relata uma filha de Santo que preferiu não se identificar.
A violência vivenciada pelos membros do Terreiro Ilê Axé Icimimó Aganjú Didê, nos últimos dias é, para alguns filhos de Santo da Casa, o reflexo real do racismo religioso que cresce diariamente no Brasil. Segundo os dados de discriminação religiosa contra candomblecistas registrados pelo telefone de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos, o Disque 100, a situação é alarmante: entre 2011 e 2018, foram 212 casos relatados, de acordo com órgão. Quando situamos a realidade para o Estado da Bahia, os dados oficiais trazem 20 casos registrados, o que dificulta uma melhor compreensão das expressões de violência e intolerância vivenciadas por candomblecistas.
Na próxima terça-feira (12), às 18h, o Ilê Axé Icimimó convida toda comunidade de terreiro, entidades acadêmicas, culturais e sociedade fortalecer o debate e a rede de informações para combater o racismo religioso e a destruição do patrimônio cultural de Cachoeira.
A matéria contou com a colaboração de Tilson Nunes Mota, jovem negro, candomblecista, homossexual e estudante de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Federal da Bahia.
Temos que valorizar a nossa cultura lembrar dos nossos ancestrais no nosso sangue nossa raça nossa cor nossa popularidade não vamos deixar acabar com nossos direitos não se precisar de mim pra uma enquete e só chamar no face ou no santospretosergio@gmail.com.
71986120569 já fiz muitas palestras falando sobre cultura valorização social obg