Editor-chefe da revista Veja SP critica releitura de capa sobre o nordeste com pessoas negras: “O mundo da lacração acha que ‘diversidade’ é muita gente igual”

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Na última sexta-feira (22), a revista Veja São Paulo publicou uma capa especial sobre o aniversário da cidade paulista que completou 467 anos. O problema é que o periódico elege São Paulo como a “Capital do Nordeste”.

O título “A capital do Nordeste: os novos migrantes que reinventam o design, a gastronomia, as startups e outras atividades da metrópole” foi alvo de críticas. A revista ainda utilizou na capa imagens de pessoas que não representam a pluralidade da região e na reportagem construiu uma narrativa de que São Paulo é um lugar de prosperidade, onde há oportunidades para a construção de uma vida melhor.

Internautas reagiram afirmando que a revista estava estereotipando o Nordeste e construindo uma visão colonialista. “Gente, não é possível que não teve um editor com o mínimo de senso para barrar essa capa”, comentou uma mulher na publicação do Instagram da Veja SP. Os perfis do Twitter das prefeituras nordestinas também reagiram à publicação com um tom de ironia, a de Salvador comentou “Será amadah?!”, questionando se São Paulo seria mesmo a capital do Nordeste. 

Como uma resposta ao conteúdo da Veja, a marca de vestuário de Salvador Dendezeiro produziu uma releitura inclusiva da capa com pessoas negras e com o título “O Capital do Nordeste: a cabeça, criatividade e os braços nordestinos, que giram a moeda em São Paulo, agora voltam para as suas terras de origem”. O editor-chefe da Veja São Paulo, Raul Juste Lores, referiu-se à reinterpretação com repúdio.

O mundo da lacração acha que ‘diversidade’ é muita gente igual, ‘cool’, todos da mesma idade (sempre muitos jovens, claro), mesma maquiagem e quase uniformizados. E ainda chamam as pessoas de “O capital”. Diversidade não deveria ser só o que se vê no espelho”, escreveu.

Imediatamente após essa declaração, usuários do Twitter, jornalistas e influenciadores criticaram o posicionamento de Raul Juste. Ashley Malia, jornalista e criadora de conteúdo na Afro TV, chamou atenção para um trecho da fala do editor-chefe e declarou: “Dizer que todo preto é igual é racismo”. 

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