Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi baleada dentro do carro da família durante uma abordagem da PRF, no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense. A menina, que estava voltando de um passeio com os familiares, passou por cirurgia de risco e está no CTI.
Em 2023, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 18 crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro – 7 morreram. O Fogo Cruzado lançou no mês passado a plataforma Futuro Exterminado. Nela é possível consultar as informações sobre cada criança e adolescente que foi vítima de violência armada no Grande Rio desde julho de 2016.
“A juventude é alvo no Rio de Janeiro e os dados do Fogo Cruzado mostram isso de maneira muito nítida. Uma em cada três crianças ou adolescentes foi vítima de bala perdida. 48% deles foi atingido durante uma ação policial. É inacreditável esses números existirem e não termos nenhuma política de segurança que funcione como resposta a eles. Parece que ninguém se importa. Quantas Ágathas e Joãos Pedro mais precisamos ter para se fazer algo?”, avalia Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado.
As ações e operações policiais foram o principal motivo para vitimar crianças e adolescentes nos últimos sete anos. Entre as 601 vítimas, 286 foram atingidas nestas circunstâncias, resultando na morte de 112 e deixando outras 174 feridas.
Cecília Olliveira ressalta que a morte de crianças e adolescentes motivaram ações por parte do judiciário e do Legislativo nos últimos anos. “Quando a Ágatha foi assassinada durante uma ação policial no Complexo do Alemão em 2019, vimos uma comoção como poucas vezes houve nessa cidade. A morte dela foi investigada, mas isso é muito raro. É uma exceção à regra, destaca.
Também vimos que a sociedade se mobilizou durante a pandemia, quando o João Pedro foi assassinado em meio a uma operação policial em São Gonçalo. Ou seja: é possível reagirmos a essa verdadeira barbárie. Já fizemos isso antes”, acrescenta Cecília.
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Distribuição da violência
Municípios
Entre os municípios que compõem a região metropolitana do Rio, os que mais acumularam crianças e adolescentes baleados foram:
- Rio de Janeiro: 117 mortos e 153 feridos
- São Gonçalo: 53 mortos e 84 feridos
- Niterói: 16 mortos e 23 feridos
- Nova Iguaçu: 13 mortos e 4 feridos
- Duque de Caxias: 12 mortos e 16 feridos
- Belford Roxo: 12 mortos e 11 feridos
- São João de Meriti: 10 mortos e 9 feridos
- Maricá: 9 mortos e 6 feridos
- Itaboraí: 7 mortos e 9 feridos
- Queimados: 6 mortos e 6 feridos
- Magé: 5 mortos e 5 feridos
- Mesquita: 3 mortos e 2 feridos
- Itaguaí: 1 morto
- Japeri: 1 morto e 4 feridos
- Paracambi: 1 morto
- Nilópolis: 1 morto
- Guapimirim: 2 feridos
Regiões
- Leste Metropolitano: 85 mortos e 122 feridos
- Zona Norte (Capital): 69 mortos e 82 feridos
- Baixada Fluminense: 65 mortos e 59 feridos
- Zona Oeste (Capital): 31 mortos e 40 feridos
- Centro (Capital): 14 mortos e 11 feridos
- Zona Sul (Capital): 3 mortos e 20 feridos