Um levantamento realizado pela própria Igreja Católica em Portugal revela que 4.815 crianças foram abusadas por membros da igreja ao longo dos últimos 70 anos. O relatório mostra ainda que 77% dos abusadores eram padres.
O relatório foi publicado nesta segunda-feira (13) e foi criado por uma comissão interna da Igreja para investigar suspeitas de abuso que vinham sendo denunciadas nos últimos anos. O estudo leva em consideração os casos que foram denunciados a partir de 1950.
“(Queremos) prestar uma homenagem sincera àqueles que foram vítimas de abuso na infância e ousaram dar voz ao silêncio. Eles são muito mais do que uma estatística”, afirma o chefe da comissão, psiquiatra infantil Pedro Strecht.
A comissão portuguesa iniciou seu trabalho em janeiro de 2022, após um relatório na França revelar que cerca de 3.000 padres e autoridades religiosas abusaram sexualmente de mais de 200.000 crianças. Os outros abusadores são pessoas com algum tipo de ligação com a Igreja Católica, segundo a comissão.
O relatório revela ainda que a maioria dos abusos sexuais ocorreu quando as crianças tinham entre 10 e 14 anos, sendo que a vítima mais jovem tinha apenas dois anos de idade.
Em nota, o Bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa disse que são situações que precisam ser ditas e as denúncias têm que ser investigadas. “São coisas que não podemos ignorar. É uma situação dramática que vivemos, não é fácil ultrapassá-la nem nos iludimos sobre aquilo que iria ser”, afirma.
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A Igreja Católica portuguesa foi abalada no ano passado por casos de suposto acobertamento de abuso sexual, inclusive por bispos que permanecem ativos em cargos na igreja. A comissão disse que está preparando uma lista de padres acusados que ainda trabalham.
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