Operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão afetam mais de 11 mil estudantes

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Mais uma manhã de tiroteio intenso assusta os moradores do Complexo da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ainda na madrugada desta quarta-feira (24) as polícias civil e militar do Rio iniciaram uma operação na região, que continua, com a presença de helicópteros sobrevoando as casas, blindados e muitos tiros, que impedem os moradores de saírem de casa.

De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, 17 unidades escolares do Complexo da Penha foram impactadas, e no Complexo do Alemão, 19 escolas. No total, mais de 11 mil alunos foram prejudicados por conta dessa ação, realizada bem quando a segunda operação mais letal da história do estado – que aconteceu na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha – completa um ano.

Poste foi derrubado no CPX do Alemão em operação e região fica sem energia/
Foto: Reprodução/Redes sociais

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), as unidades operadas por ela funcionam normalmente. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou que as Clínicas da Família foram fechadas e os centro municipais de saúde mantiveram o atendimento, mas sem as visitas domiciliares. Além do perigo do intenso tiroteio registrado pelos moradores, um vídeo mostra um poste derrubado ao lado de um carro em chamas, deixando a região sem energia elétrica. Nas redes sociais, relatos de medo e mais imagens vão surgindo.

O jornalista fundador do Voz das Comunidades Rene Silva, postou em suas redes que foi acordado pelos sons dos tiros no CPX do Alemão. Já a líder do Movimento por Moradia no Complexo do Alemão, Camila Moradia, condenou a ação e aproveitou para pedir que outros tipos de intervenção do estado sejam feitas na região.

“Que tal também chegar do nada, com uma operação na educação? Eu também adoraria acordar com uma mega operação na área da saúde. Vários ônibus com exames , médico extras, uma chuva de atendimentos…”, escreveu ela.

O Instituto Marielle Franco também condenou a ação policial. “Crianças sem aula, trabalhadores não conseguindo chegar em seus trabalhos, pessoas precisando colocar suas vidas em risco. Até quando vamos ter que ver as favelas terem q passar por essa tensão?”, escreveu o perfil no Instagram.

De acordo com as polícias, a ação integrada que levou os agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) às comunidades é feita para prender bandidos de outros estados e chefes do tráfico da região. Até o momento do fechamento dessa matéria, há relatos de que duas pessoas baleadas deram entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, e uma pessoa morreu, segundo moradores.

Chacinas nas favelas cariocas

A operação realizada nesta quarta-feira (24) relembra o que ficou conhecido como Chacina da Penha, que há um ano 26 pessoas foram assassinadas em uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Polícia Rodoviária Federal. 

Leia também: Operação no Complexo da Penha: Tiroteio intenso deixa morador baleado

Dias antes do Dia das Mães deste ano, a comunidade do Jacarezinho também foi surpreendida por uma incursão policial adentrando a madrugada do dia 13 de maio. Os momentos de tensão e relatos de violência duraram alguns dias.

A entrada da polícia na comunidade acontece dias após a Chacina do Jacarezinho, a mais letal da história do Rio de Janeiro que matou 28 pessoas, completar dois anos.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Carioca da gema, criada em uma cidade litorânea do interior do estado, retornou à capital para concluir a graduação. Formada em Jornalismo em 2021, possui experiência em jornalismo digital, escrita e redes sociais e dança nas horas vagas. Se empenha na construção de uma comunicação preta e antirracista.

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