Chavoso da USP tem conta com mais de 1 milhão de seguidores desativada: “mais uma conta excluída do nada”

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O perfil do sociólogo e professor Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, foi desativado pelo Instagram neste domingo, 16 de novembro. A conta, que reunia mais de 1 milhão de seguidores, foi derrubada pela plataforma sob a justificativa de que “não segue os padrões da comunidade”.

Em seu perfil reserva, Chavoso expressou a frustração por perder mais uma conta. Ele afirmou: “Mais uma conta excluída pelo Instagram, do nada, sem mais nem menos. É muito frustrante. Anos de trabalho pra chegar a um milhão de seguidores, pra tudo ser descartado assim por essa rede”.

A derrubada do perfil mobilizou reações de figuras públicas. As deputadas federais Erika Hilton e Sâmia Bomfim, ambas do PSOL, demonstraram solidariedade ao criador de conteúdo. Sâmia declarou: “É alarmante o que está acontecendo. Sem qualquer motivo, a Meta bloqueou o acesso à conta principal do Chavoso da USP. Isso é um ataque direto à liberdade de expressão e ao trabalho de quem denuncia injustiças no Brasil”.

Até o momento, o Instagram não explicou os motivos da remoção. A plataforma afirma em suas diretrizes que pode desativar contas que violem os termos de uso, que incluem políticas relacionadas a discurso de ódio, assédio e desinformação. Nenhuma notificação específica, no entanto, foi divulgada para o sociólogo.

Chavoso da USP, teve conta de um milhão de seguidores suspensa no Instagram Foto Reprodução Internet

A derrubada ocorre dois meses após a participação de Chavoso da USP na CPI dos Pancadões, instaurada pela Câmara Municipal de São Paulo para apurar supostas irregularidades em bailes de rua. Na ocasião, ele denunciou a perseguição histórica à cultura negra e periférica e expôs o tratamento desigual dado aos eventos culturais da periferia em comparação a festas realizadas em regiões centrais da capital.

Em seu depoimento, o sociólogo destacou que a repressão aos bailes funks não se sustenta na ideia de perturbação do sossego, mas na criminalização da cultura negra. Ele relatou: “Uma vez eu fui a um rolê em Pinheiros, na rua conhecida como Meretriz. Uma rua cheia de bares, adegas, que toca funk, música alta a noite inteira. Rolê de playboy, onde só tem gente rica, classe média alta. O mesmo funk, se estiver tocando nessa rua, no Alto de Pinheiros, ou em qualquer outra rua da Vila Madalena, onde tem residências, onde tem pessoas usando e vendendo entorpecentes, não acontece nada. Não vai ter CPI. Não vai ter criminalização. Não vai ter ninguém preso. Agora, na periferia sim. As pessoas são presas, são mortas. As pessoas são convocadas para estar aqui”.

O depoimento gerou tensão com o presidente da CPI, o vereador Rubinho Nunes, que reagiu de forma agressiva após ouvir do sociólogo que “existe crime em todos os lugares, inclusive dentro desta Casa”. O parlamentar chegou a ameaçar Chavoso de prisão, elevando ainda mais o clima da sessão.

A discussão ficou ainda mais acalorada quando Chavoso apontou a contradição do vereador por ter usado um funk como jingle de campanha em 2020. Ele afirmou que “o funk é utilizado pelas elites, por pessoas das classes médias, oportunamente. Seja em campanhas eleitorais, seja em programas televisivos, seja em festas de playboys. Esse funk não é reprimido, não é criminalizado, pois passou por um processo de apropriação, de embranquecimento. Enquanto o funk produzido nas favelas, nas periferias, majoritariamente negro, continua sendo reprimido”.

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